ECONOMIA

Preço do etanol chega a R$ 5,30 em SP e encosta no da gasolina

Seca está afetando produção do álcool; consumidor tem migrado para gasolina

Preço do etanol chega a R$ 5,30 em SP e encosta no da gasolina (Foto: Reprodução)

Abastecer o carro com etanol sempre foi uma vantagem para o consumidor que procura pagar menos. Com a alta de preços da gasolina neste ano, o álcool seguia sendo alternativa para os motoristas, mas a escalada dos valores no último mês tem colocado o combustível em desvantagem.

Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o etanol já pode ser encontrado a R$ 5,299 na cidade de São Paulo, na zona oeste da capital paulista. No estado de SP, em Santos, no litoral, também é possível encontrar o álcool a R$ 5,299, fazendo o valor encostar no da gasolina, que tem preço médio de R$ 5,715.

Os dados da ANP mostram ainda que, na semana de 5 a 11 de setembro, no estado de SP, o litro do etanol custava, em média, R$ 4,434 –alta de 1% em comparação à semana anterior– e o valor mínimo encontrado era de R$ 3,899.

A gasolina é comercializada a um valor médio de R$ 5,715 no estado de SP –aumento de 0,6% em relação aos sete dias anteriores–, variando de R$ 5,159 a R$ 6,499.

Os combustíveis são um dos principais responsáveis pela aceleração da inflação neste ano. De janeiro a agosto, o grupo acumula aumento de 32%, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em oito meses, a gasolina encareceu 31,09% e o etanol, 40,75%.

Veja os preços dos combustíveis (em R$):

Etanol Gasolina
Valor médio Menor valor Maior valor Valor médio Menor valor Maior valor
Cidade de SP 4,429 3,999 5,299 5,714 5,199 6,499
Estado de SP 4,434 3,899 5,299 5,715 5,159 6,499
Brasil 4,653 3,899 6,999 6,059 5,15 7,185

Fonte: Levantamento semanal (de 5 a 11 de setembro de 2021) da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis)

O aumento do preço do etanol acontece em plena safra da cana-de-açúcar, principal matéria-prima para fabricação do combustível. Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, indica que o preço do combustível nas usinas ficou 6,58% maior em agosto em comparação a julho.

Tanto que publicação desta semana mostra que a venda do etanol hidratado caiu 15,5% em relação ao mesmo período de 2020. “A perda de competitividade do etanol hidratado frente à gasolina C [gasolina comum] é um dos principais fatores responsáveis pela redução”, justifica o Cepea.

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) afirma que a restrição na oferta de cana-de-açúcar está causando a oscilação do preço do etanol porque a expectativa de quebra na safra 2021/2022 é de 12% em razão das condições climáticas desfavoráveis, como seca e geadas.

“Nesse cenário de retração, a produção de etanol hidratado [etanol comum] poderá ter redução superior a esse índice. Diferente do que acontecerá com etanol anidro, que é misturado na gasolina, que segue com produção em alta”, explica a entidade em nota enviada pela assessoria de imprensa ao Agora.

José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), afirma que o aumento do etanol já reflete nas vendas nos postos. Antes, 60% dos clientes optavam por ele e 40% escolhiam a gasolina. Atualmente, a demanda é igualmente dividida.

Diante do encarecimento, nem sempre abastecer com o derivado da cana-de-açúcar vale a pena. Isso porque, no geral, o desempenho do álcool é de 70% em comparação à gasolina, ou seja, se um carro roda 100 quilômetros com determina quantidade de gasolina, irá rodar 70 quilômetros com a mesma quantidade de etanol.

Portanto, para saber qual combustível é mais vantajoso, o consumidor deve considerar quanto está pagando no posto de sua preferência e quanto ele roda. Além disso, outras atitudes também podem ajudar a economizar (veja aqui dicas para economizar gasolina e etanol).

Gouveia afirma ainda que os postos não conseguem segurar os aumentos passados pelas distribuidoras, uma vez que sofrem com a queda da demanda causada pela pandemia. Além disso, cada reajuste requer aumento do capital de giro.

“Hoje, 85% das vendas é no cartão de crédito, então o capital de giro sobe muito para poder arcar com os custos, já que o dinheiro dos pagamentos em cartão só cai 30 dias depois”, diz o sindicalista.