Preços ao consumidor nos EUA têm maior salto em quase 12 anos
Alta reforça preocupação com pressão inflacionária no país
Os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram à maior taxa em quase 12 anos em abril, uma vez que a demanda em meio à reabertura da economia encontrou restrições de oferta, o que pode alimentar os temores no mercado financeiro de um período longo de inflação mais alta.
O relatório do Departamento do Trabalho divulgado nesta quarta-feira (12) também mostrou um forte aumento das pressões nos núcleos da inflação.
A demanda está sendo impulsionada por quase US$ 6 trilhões (R$ 31,4 trilhões) em ajuda governamental desde o início da pandemia em março de 2020, e pela vacinação de mais de um terço da população norte-americana.
O presidente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, assim como muitos economistas, vê a inflação mais alta em grande parte como transitória, com expectativa de que as cadeias de suprimentos se adaptem e se tornem mais eficientes.
Mas há preocupações de que a inflação possa persistir em meio a relatos de que as empresas estão aumentando os salários à medida que competem por trabalhadores.
Embora as oportunidades de emprego estejam em um recorde de 8,1 milhões e haja quase 10 milhões de pessoas oficialmente desempregadas, as empresas estão com dificuldades para encontrar mão de obra.
Benefícios generosos de auxílio-desemprego, medo da Covid-19, a necessidade de ficar em casa cuidando dos filhos e aposentadorias relacionadas à pandemia foram responsabilizados pelo desfalque. Os salários médios por hora aumentaram em abril.
O índice de preços ao consumidor norte-americano saltou 0,8% no mês passado, o maior ganho desde junho de 2009. O índice teve alta de 0,6% em março.
Os preços dos alimentos subiram 0,4%. O custo da alimentação em casa também subiu 0,4%. O custo da alimentação fora de casa avançou 0,3%, enquanto os preços da gasolina caíram 1,4%, após dispararem 9,1% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao consumidor subiria 0,2% em abril.
No acumulado de 12 meses até abril, o índice saltou 4,2%. Esse foi o maior ganho desde setembro de 2008, e veio após alta de 2,6% em março. O salto refletiu principalmente a retirada das leituras fracas do início do ano passado do cálculo.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços ao consumidor teve alta de 0,9%, seu maior ganho desde abril de 1982. O chamado núcleo da inflação havia subido 0,3% em março.
No acumulado de 12 meses até abril, o núcleo saltou 3,0%, após alta de 1,6% em março.