Prefeitura de Goiânia estuda transformar bibliotecas em salas de aula
Professores, coordenadores e diretores defendem a conclusão de obras de CMEIs e a construção de salas modulares
A Prefeitura de Goiânia estuda substituir bibliotecas por novas salas de aula padrão em escolas municipais para abrigar os alunos que estão na fila de espera para entrar nas instituições de ensino. Inicialmente, foi divulgado uma lista com 20 salas de leitura que seriam desativadas e remanejadas, mas a Secretaria Municipal de Educação atualizou os dados e informou que, ao menos, 47 bibliotecas seriam substituídas por salas padrão.
O plano é retirar as prateleiras, mesas de estudo/leitura, livros literários e didáticos e colocar quadro de giz e carteiras para abrigar as cerca de 5 mil crianças, entre 4 e 5 anos, que seriam transferidas de CMEIs para essas salas.
“Os fechamentos seriam onde havia salas de leituras que estão ou ociosas ou ainda não desenvolvendo um projeto da forma que pedagogicamente nós orientamos, nós entendemos que essas famílias não poderiam ficar desassistidas enquanto a gente tem espaço pra atender. E essa reorganização ela vai possibilitar que a gente praticamente zere uma fila de dois anos”, explica Débora Quixabeira, chefe de gabinete da SME.
Os servidores da educação alegam que a prefeitura está indo contra um movimento nacional, já que existe a Lei Federal Nº 12.244 assinada em maio de 2010 que determina a obrigatoriedade de acervos de livros em bibliotecas de escolas públicas e privadas de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado. Além de ser função o sistema de ensino ampliar o acervo e desenvolver esforços para a universalização das bibliotecas escolares.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) participou de reunião com a chefe de gabinete na tarde de terça-feira (8) para tratar o assunto. Para a presidenta do sindicato, uma demanda não pode sobrepor a outra.
“Lógico que é urgente a necessidade de secretaria de ter a ampliação das vagas, mas não podemos aceitar que seja através do fechamento dessas salas de leituras. Do ponto de vista pedagógico, manter o hábito de leitura é tão importante quanto ter essas crianças nas escolas. Uma demanda não pode sobrepor outra. Apresentamos a proposta para a construção de bibliotecas nos CMEIs e escolas”, esclarece Maria Euzébia de Lima.
Professores, coordenadores e diretores de escolas municipais também se manifestaram e afirmaram que a conclusão de obras de CMEIS inacabados e a construção de salas modulares seriam uma alternativa eficaz sem a necessidade de fechar as bibliotecas nas escolas.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação afirma que a proposta é para 2023 e que enviou um novo acervo com mais de 2 mil livros para as escolas.
Confira a nota na íntegra
“Sobre a reorganização da rede municipal ensino proposta para 2023, a SME informa o que se segue:
– As bibliotecas não serão fechadas, apenas remanejadas dentro das próprias instituições de ensino. Além disso, os livros não deixarão de ser protagonistas nas escolas, bem como o atendimento aos estudantes.
– Prova disso é que a SME Goiânia enviou, neste ano, um novo acervo literário com mais de 2 mil livros para as escolas da rede.
– A reorganização proposta para 2023 garante ao estudante o acesso ao acervo literário que já existe nas escolas e amplia o número de matrículas nos CMEIs em cerca de 5 mil vagas.
– A medida visa garantir que famílias que até então aguardavam na fila de espera por uma vaga de CMEI, tenham possibilidade de atendimento já em 2023.
– Atualmente, o déficit na Educação Infantil, em Goiânia, é de 8 mil vagas. A reorganização, portanto, reduzirá consideravelmente essa fila histórica de espera que impede que os filhos dos trabalhadores e das trabalhadoras de Goiânia tenham acesso à educação de qualidade.
– Por fim, a SME Goiânia esclarece que a modulação dos profissionais que atuam, hoje, nas salas de leitura será garantida na própria instituição onde trabalham, uma vez que os projetos de leitura e de acesso a livros literários será continuado.”
*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Francisco Costa