Preso por chefiar quadrilha de estelionatários é só um ‘jovem empresário’, diz defesa de ex-noivo de blogueira
A defesa de Alexandre Navarro Júnior, o Juninho, de 28 anos, preso nesta segunda-feira sob…
A defesa de Alexandre Navarro Júnior, o Juninho, de 28 anos, preso nesta segunda-feira sob a acusação de comandar uma quadrilha especializada no chamado “golpe do motoboy”, afirma que o rapaz não cometeu qualquer crime.
“Alexandre é um jovem empresário que nega veementemente todas as acusações que lhe são imputadas”, informa a nota assinada pelo advogado Marcos Paulo Poeta dos Santos, que representa Juninho.
A Polícia Civil do Rio localizou o suspeito em um flat de alto padrão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde cumpriu-se um mandado expedido pela Justiça de Santa Catarina.
Alexandre foi noivo da blogueira carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos, também integrante do bando, que cumpre prisão domiciliar em uma cidade no interior fluminense.
Juninho deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira. É a “oportunidade em que ele prestará informações sobre a dinâmica de sua prisão, bem como o juízo deve analisar se o mesmo responderá ao processo em liberdade ou cumprindo prisão cautelar”, como esclareceu o advogado do rapaz.
“Maiores informações só poderão ser repassadas após a manifestação do próprio cliente, que se encontra sob custódia da polícia”, acrescentou Poeta dos Santos, pontuando que Alexandre ainda aguardava, até a tarde desta segunda-feira, “ser ouvido pelo delegado que presidiu as investigações”.
Embora o inquérito que motivou o pedido de prisão seja da polícia de Santa Catarina, Juninho também era citado em diversos registros de ocorrência no Rio. Além da 33ª DP (Realengo) e da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), responsáveis por capturar Alexandre em uma ação conjunta, pelo menos outras cinco distritais, espalhadas pelo Centro e pelas zonas Sul, Norte e Oeste da cidade, têm investigações sobre as atividades de Alexandre: a 6ª DP (Cidade Nova), a 9ª DP (Catete), a 26ª DP (Todos os Santos), a 34ª DP (Bangu) e a 43 ª DP (Guaratiba).
Antes da captura, os agentes descobriram que Juninho era figura fácil nas noites cariocas e nas redes de futevôlei da praia da Barra, frequentando sempre locais de luxo. Após a decretação da prisão, ele chegou a passar um período escondido no Complexo do Alemão, na Penha, na Zona Norte do Rio, mas acabou retornando recentemente à Barra da Tijuca, seu reduto predileto.
Nesta segunda-feira, ele foi capturado em um flat de frente pro mar, em um condomínio na Avenida Lúcio Costa, na altura do posto 6, um dos pontos mais valorizados da região. O proprietário do imóvel, que também estava no local, foi autuado por favorecimento pessoal e liberado após assinar um termo de compromisso de comparecimento no Juizado Especial Criminal (Jecrim).
Juninho é réu por estelionato na Justiça de Santa Catarina, que decretou a prisão preventiva dele e de outros 14 comparsas em novembro do ano passado, e encontrava-se foragido desde então. As investigações da Polícia Civil catarinense revelaram que, a partir de uma central de operações montada em um apartamento de luxo em Copacabana, na Zona Sul do Rio, falsas telefonistas entravam em contato com as vítimas em cidades como Balneário Camboriú e Florianópolis. Na ligação, simulavam ser funcionárias de instituições bancárias e comunicavam compras suspeitas feitas com cartão de crédito.
Em seguida, as mulheres pediam que a pessoa do outro da linha contatasse o número do banco no verso do cartão e repassasse diversos dados, entre eles a senha. Contudo, o primeiro telefonema não era de fato encerrado, e outro membro do bando fingia atender a vítima, aumentando a veracidade do golpe. O passo seguinte era convencer o alvo a quebrar o cartão de crédito — sempre bem ao centro, para não danificar o chip.
A quadrilha informava, então, que um funcionário iria ao encontro do cliente para recolher o cartão descartado e assinar alguns documentos, que atestariam não ser ele o autor das compras citadas anteriormente. Já em posse do cartão da vítima, a quadrilha realizava diversas transações em maquininhas pertencentes ao bando, encerrando a artimanha conhecida como “golpe do motoboy”.
Uma dessas máquinas de cartão estava justamente no nome de Rayane Figliuzzi. Antes de iniciar o relacionamento com Alexandre, com quem teve um filho recém-nascido, e de frequentar o noticiário policial, a jovem, que também fez trabalhos como modelo, era habituada a aparecer nas páginas de fofoca. Ela já foi apontada como affair do rapper norte-americano Tyga, durante uma visita do artista ao Rio, e também do cantor Saulo Pôncio.
Quem também fazia parte do grupo era Yasmin Navarro, de 25 anos, irmã de Alexandre. Mesmo procurada pela polícia, a jovem, mais uma a se apresentar como blogueira na internet, aparece em fotos postadas nos últimos meses em redes sociais curtindo bares e shows.
Além de integrar a quadrilha do irmão, Yasmin teria contado com a ajuda de Juninho para montar o próprio esquema criminoso.
Nos registros recentes em eventos sociais, revelados pelo portal “G1”, ela aparece com duas comparsas deste segundo grupo: Mariana Serrano, de 27 anos, e Gabriela Vieira, de 21. As três são consideradas foragidas pela Justiça do Rio.
“Tóxico e abusivo”
Em uma série de stories publicada no Instagram entre terça e quarta-feira da semana passada, em um perfil com cerca de 78 mil seguidores, Rayane Figliuzzi falou pela primeira vez publicamente sobre o relacionamento com Juninho, que acabaria preso cinco dias depois. O chefe da quadrilha foi descrito nas postagens como “tóxico e abusivo”.
Nas mensagens compartilhadas, Rayane conta que o namoro foi rompido há quatro meses e revela que os dois só ficaram noivos por conta da gravidez. “Eu tentei levar durante um ano e meio e nisso fui adoecendo cada vez mais”, relatou, acrescentando que conheceu Alexandre “com o tempo” e percebeu que os dois são “totalmente diferentes um do outro”. Ela pondera, porém, que “estava fraca e não tinha força nem psicológico para sair de um relacionamento totalmente tóxico e abusivo”.
Nas postagens, Rayane dava a entender que, mesmo foragido, Alexandre mantinha contato com o filho. Perguntada por um seguidor se o ex-noivo seria “presente na vida” da criança, ela respondeu que sim: “Para o Zion, ele é ótimo”. Na mensagem seguinte, ela indica o que teria tirado de “experiência e aprendizado nesse momento difícil”: “Conhecer mais as pessoas. Não confiar em mais ninguém!”, ensinou a blogueira, que, em outro momento, afirmou com veemência que “se arrepende de algumas escolhas”.