O Rio fracassou em seu primeiro teste olímpico. É assim que delegados do Comitê Olímpico Internacional (COI) têm avaliado o caos relativo à Vila Olímpica. Oficialmente, o COI afirma que operários têm trabalhado dia e noite para resolver os problemas pendentes e admite que “infelizmente o Comitê Rio-2016 espera que isso vá tomar alguns dias ainda”.
Mas altos dirigentes do COI apontaram ao Estadão.com, na condição de anonimato, que as condições do local e a recusa da delegação australiana em entrar na Vila, somada a ameaça de outros times, é um ‘primeiro fracasso’.
“Atletas que estejam chegando na Vila e cuja acomodação não esteja pronta serão colocados em outros prédios com a melhor acomodação possível”, afirmou o COI em comunicado ao Estado, reconhecendo que o Comitê Organizador “lamentou’ a situação
A recusa dos atletas australianos em entrar na Vila Olímpica abriu uma verdadeira crise entre as delegações e o COI. As entidade nacionais haviam recebido garantias da organização na Suíça de que, apesar da crise financeira no Brasil, os atletas seriam tratados como prioridade e que nada faltaria aos esportistas.
Por meses, o orçamento para os Jogos foi alvo de debates. Com a falta de uma receita maior, os organizadores foram obrigados a fazer importantes cortes. Mas a promessa, sempre, era de que os atletas seriam preservados.
Agora, com a constatação dos problemas na Vila Olímpica, a reportagem apurou que delegações querem que o COI encontre uma alternativa e que pague por qualquer gasto extra. O COI, por sua vez, tem colocado pressão total sobre o Comitê Organizador.
A mais vocal das críticas partiu da Austrália. Mas membros do COI revelaram à reportagem que existem “dezenas de delegações” se queixando. Para o presidente do Comitê Olímpico Australiano, John Coates, existem três coisas que precisam funcionar para que uma Olimpíada ocorra: transporte, alimentação e a Vila Olímpica.
Mas, segundo a chefe da delegação australiana, Kitty Chiller, a vila não é “nem segura e nem está pronta”. Num comunicado ao COI ela se queixou de fios elétricos descobertos, vazamentos, banheiros bloqueados e escadarias sem luz. A sujeira do chão também irritou a delegação. Segundo os australianos, as queixas ao COI tem sido “diárias”. Para ela, a limpeza precisará ser “massiva”.
A delegação decidiu fazer um teste, abrindo todas as torneiras e dando descargas ao mesmo tempo. “O sistema fracassou “, disse a chefe da delegação. “Água começou a escorrer pelas paredes, houve um forte cheiro de gás “, disse. “Deveríamos ter nos mudado para lá no dia 21. Mas a Vila não está nem pronta e nem é segura”, insistiu. Os australianos garantem que não estão sozinhos e que outras delegações também têm ameaçado deixar o local, entre elas a Nova Zelândia e Reino Unido.