SINDICÂNCIA

Professor da USP acusado de assédio sexual pode ser afastado

Medida está em análise pela Procuradoria da USP. Defesa do professor diz que falta materialidade ao caso

Professor Alysson Mascaro, de Direito da USP (Foto: Divulgação)

(Folhapress) Uma sindicância na Faculdade de Direito da USP pediu o afastamento do professor Alysson Mascaro após denúncias de que ele teria assediado e abusado sexualmente de alunos. O pedido é para que ele fique afastado do cargo enquanto durar a apuração interna do caso.

Mascaro é advogado e professor associado da Faculdade de Direito desde 2006. Dez alunos ou ex-alunos o acusaram de assédio e abuso sexual. Os relatos foram publicados pelo site Intercept Brasil em 3 de dezembro.

À Folha a defesa de Mascaro disse que as acusações “não possuem materialidade”. Em nota, afirmou ainda que “todos os supostos relatos (anônimos) contra o professor surgem em um contexto no qual diversos perfis fakes de Instagram são criados para propagar calúnias, inverdades e estimular intrigas entre Mascaro e pessoas do ambiente acadêmico”.

Um dia após a publicação da reportagem com as denúncias, a Faculdade de Direito decidiu instaurar procedimento apuratório preliminar. Um professor da unidade foi designado para presidir os trabalhos da sindicância, que tem prazo de 30 dias para ser concluída.

USP analisa

O professor que preside a sindicância solicitou que Mascaro seja afastado do cargo durante o período de investigação. O pedido está em análise pela Procuradoria da USP.

Segundo a direção da Faculdade de Direito, o relator do caso também aguarda que as entidades estudantis enviem os contatos das vítimas.

Os supostos casos de abuso e assédio sexual teriam ocorrido entre 2006 e o início de 2024. De acordo com os relatos, as abordagens de Mascaro tinham um padrão no qual ele se aproveitava da posição de autoridade como docente, além de argumentar ter influência e amizade com pessoas em altos cargos do Judiciário.

Segundo o Intercept, uma das vítimas relatou ainda que o professor contava com o apoio de integrantes do Grupo de Pesquisa Crítica do Direito e Subjetividade Jurídica para apagar comentários postados no perfil do docente que falassem dos supostos abusos.

Antes mesmo da reportagem, em 30 de novembro, o docente publicou uma nota pública nas redes sociais em que dizia estar sendo “vítima de crime cibernético, sofrendo um processo de perseguição por pessoas que, se escudando no aparente anonimato no ambiente virtual desde meados de 2023, vêm buscando atacá-lo em sua honra”.

“Tal grupo de pessoas vem perpetrando acusações inverídicas para ferir sua imagem pública, buscando descredibilizar suas posições em detrimento do debate aberto acerca de sua luta concreta e de suas ideias amplamente difundidas por meio de sua vasta obra teórica e luta política”, diz a nota pública.

Na nota enviada à Folha, a defesa do professor disse ainda que foi registrado um boletim de ocorrência e uma representação criminal para apuração do crime de perseguição em 20 de novembro.

“Em 25 de novembro, o Poder Judiciário deferiu um pedido liminar para que os dados cadastrais das contas falsas sejam revelados. Desse modo, a defesa aguarda o desfecho da investigação para que os fatos sejam devidamente esclarecidos”, diz a nota.