Professor é condenado a 90 anos de prisão após estuprar menores com deficiência, em SP
Homem registrava os abusos sexuais e divulgava na deepweb. Ele é acusado de estuprar 53 vezes um menino autista e 34 vezes uma menina
O professor de música, educação física e capoeira Pedro Henrique Barbosa, 34 anos, foi condenado a 90 anos e 6 meses na última quinta-feira (4) em São Paulo. Ele é acusado de estuprar 87 vezes dois de seus alunos menores de 12 anos e com deficiências. Um menino autista foi violentado pelo professor 53 vezes. Já uma menina, acometida por uma síndrome que dificulta a comunicação, foi abusada sexualmente em outras 34.
Barbosa já estava preso desde outubro do ano passado, quando foi alvo da Operação Mestre Impuro. A defesa do professor não foi localizada pelo site O Globo.
O professor registrava em vídeo os abusos sexuais e depois os divulgava em fóruns de pornografia infantil na deepweb. Ele chegou a fazer parte de uma equipe multidisciplinar para o tratamento de crianças com necessidades especiais em consequência de autismo e a síndrome de Landau-Kleffner, que reduz a capacidade de comunicação.
Pedro Henrique foi identificado pelo Ministério Público Federal paulista em julho de 2017, quando a polícia australiana localizou nos fóruns uma série de fotos e vídeos de pedofilia com o codinome que Barbosa usava na deepweb. Lá, ele também dava dicas de aliciamento de menores.
A polícia conseguiu autorização judicial para uma busca e apreensão na casa do acusado, onde foram encontrados vídeos e fotos de pornografia infantil. Nas imagens, era possível ver Barbosa abusando das crianças.
Abusador usava remédios para dopar vítimas
Foram encontrados 879 arquivos com fotos e vídeos de pornografia infantil. Segundo a sentença condenatória, a maioria retrata os dois alunos de Barbosa. De acordo com os autos, as imagens mostravam as vítimas tendo relações sexuais com o aliciador. A polícia também encontrou analgésicos, anestésicos e lubrificantes que o abusador utilizava nas vítimas.
Um laudo apontou que uma das crianças violentadas tornou-se mais irritada, impaciente e passou a chorar mais, tendo que ser submetida a atendimento psiquiátrico. O médico precisou prescrever antidepressivos e dobrou a dose de psicóticos.
O juiz federal Marcio Assad Guardia entendeu que o fato de as vítimas sofrerem de patologias, que diminuem — senão limitam por completo — sua capacidade de comunicação foram escolhidas de forma calculada para dificultar a descoberta dos crimes.
Condenação
Barbosa foi condenado pelos estupros contra as duas crianças e os crimes de produção, posse e distribuição de pornografia infantil. Ainda assim, acabou absolvido pelo crime de posse de material relativo a pornografia infantil, pois o juiz entendeu que o crime de posse é absorvido pelo de distribuição, uma vez que o segundo só pode ser cometido se houver o primeiro.
Um dos procuradores do caso, Daniel Salgado, disse ao GLOBO que vai recorrer dessa parte da sentença ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região para requerer a condenação de Pedro Henrique Barbosa também pelo crime de posse de pornografia infantil, o que poderá acarretar aumento da pena.