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Professora é apedrejada por alunos após aulas sobre cultura afro-brasileira

Estudantes hostilizaram educadora com ofensas como “bruxa”, “macumbeira” e “feiticeira”

A Polícia Civil da Bahia está investigando um caso de agressão e injúria racial registrado na Escola Municipal Rural Boa União, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. A vítima, a professora Sueli Santana, de 51 anos, denunciou ter sido alvo de ataques verbais discriminatórios em razão de sua religião de matriz africana e relatou que foi apedrejada dentro da unidade escolar onde leciona, a Escola Municipal Rural Boa União.

Sueli relatou que os ataques começaram no início do ano letivo, quando passou a ministrar aulas sobre cultura afro-brasileira, previstas pela Lei 10.639/2003. Segundo a professora, alunos entre 10 e 12 anos, todos da mesma família, se recusaram a participar das aulas e passaram a hostilizá-la com ofensas como “bruxa”, “macumbeira” e “feiticeira”.

O episódio mais grave ocorreu em 29 de outubro, quando a professora foi apedrejada por alunos enquanto corrigia atividades em sala de aula. As pedras foram arremessadas por uma janela, e uma delas atingiu seu pescoço. Após a agressão, Sueli precisou se afastar do trabalho por três dias.

Em denúncia, a professora afirmou que foi impedida pela direção da escola de utilizar o livro ABC dos Povos Afro-brasileiros, material didático recomendado pela Secretaria Municipal de Educação, após reclamações de pais de alunos. Sueli acredita que a decisão foi motivada por intolerância religiosa e preconceito. Ela, que é candomblecista, disse que sofreu ataques diários por conta de sua fé.

A Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA) e o Sindicato dos Professores e Professoras de Camaçari (Sispec) repudiaram a agressão e cobraram providências. Em nota, a CUT-BA classificou o caso como “bárbaro” e exigiu a responsabilização dos envolvidos. O Sispec publicou um vídeo nas redes sociais manifestando solidariedade à educadora e denunciando o racismo religioso.

A Secretaria de Educação de Camaçari informou que recebeu a denúncia no dia 21 de novembro e instaurou uma sindicância para apurar o caso. A pasta também reafirmou seu compromisso com a educação antirracista e com o respeito à diversidade.

A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Camaçari está conduzindo as investigações, apurando as denúncias de lesão corporal e injúria racial.

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