Sem solução

Projeto some, e reforma de viaduto na marginal tem formato e prazo incertos

A prefeitura pretende construir dez estacas de ferro na base do viaduto. A medida é necessária para criar um pilar de sustentação secundário na estrutura, para que ela possa ser içada com a ajuda de macacos hidráulicos. O método, como se referiu o prefeito, é chamado de macaqueamento.

A Prefeitura de São Paulo não tem nenhuma estimativa de prazo para finalizar a obra do viaduto que cedeu na semana passada na marginal Pinheiros e também desconhece o tipo de técnica de engenharia a ser utilizada no local. Diante disso, decidiu recapear a pista expressa, enquanto essa permanecer interditada para veículos.

O viaduto que cedeu passa sobre os trilhos da linha 9-esmeralda da CPTM e é rota de acesso à rodovia Castello Branco, perto do shopping e do parque Villa Lobos, a 500 m da ponte do Jaguaré. A ruptura criou um “degrau” de dois metros na pista, e as causas seguem desconhecidas.

Um agravante para essa indefinição sobre a técnica a ser utilizada no local é o desaparecimento do projeto original do viaduto, erguido na década de 1970 a partir de um convênio entre o município e a antiga Fepasa (companhia estadual de trens). A prefeitura pediu ajuda ao governo paulista para tentar encontrá-lo.

“Estamos na fase de escoramento, depois vêm as estacas e só depois o processo de macaqueamento. Só daí vamos poder ter uma ideia de qual vai ser a engenharia necessária e qual vai ser o prazo necessário para finalizar a obra”, disse o prefeito Bruno Covas (PSDB), ao visitar o local nesta segunda-feira.

A prefeitura pretende construir dez estacas de ferro na base do viaduto. A medida é necessária para criar um pilar de sustentação secundário na estrutura, para que ela possa ser içada com a ajuda de macacos hidráulicos. O método, como se referiu o prefeito, é chamado de macaqueamento.

Por causa da queda do viaduto, a prefeitura inicialmente interditou cerca de 16 km da pista expressa, no sentido Castello Branco, sob o temor de afunilamento de veículos. O trecho bloqueado da expressa agora foi reduzido para cerca de 6 km, após obras para aumentar os acessos de com remoção de calçadas e de barreiras.

A expectativa é de altos índices de congestionamento nas vias próximas ao viaduto a partir desta quarta (21), quando os paulistanos voltam ao trabalho e às aulas após um período de seis dias de feriado prolongado. O rodízio de veículos está suspenso por tempo indeterminado no trecho da marginal, sentido Castello Branco, entre a avenida dos Bandeirantes e a ponte dos Remédios.

A marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentada de São Paulo, atrás apenas da Tietê, e liga a cidade a diferentes rodovias e avenidas. Em apenas uma hora, no pico de tráfego, 13 mil veículos passam pelas oito faixas da via, incluindo a pista local. Cinco dessas faixas estão agora interditadas.

As áreas mais atingidas dentro dos bairros são as vias da zona oeste, entre a marginal Pinheiros e o centro. Um esquema especial orienta o trânsito nos eixos das avenidas Faria Lima, Pedroso de Morais, Professor Fonseca Rodrigues e a Doutor Gastão Vidigal.

A prefeitura também orienta que os motoristas provenientes das rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt peguem o Rodoanel e a rodovia Castello Branco até alcançarem a marginal Tietê. Outras alternativas para quem sai do litoral do estado são as avenidas do Estado e Salim Farah Maluf.

De acordo com o secretário municipal de Obras, Vitor Aly, a dificuldade em encontrar as informações da construção da estrutura impõe mais trabalho nessa fase da reconstrução. “O projeto abrevia o trabalho. A engenharia vai nos permitir ter acesso a detalhes da estrutura. Sem isso, vamos ter que reconstruir o viaduto novamente e, a partir disso, ver que tipo de problema afetou a estrutura “, disse.

O secretário também informou que está em contato com a secretaria estadual de Transportes para tentar encontrar os documentos. “O secretário me pediu até quarta-feira para encontrar o projeto, já que é feriado prolongado em São Paulo.”

Procurada a respeito do projeto do viaduto, a CPTM informou que não herdou o viário da Fepasa, apenas o sistema férreo, por isso não pode comentar sobre a demanda.

Ainda para obter mais informações sobre a estrutura do viaduto, a gestão Covas buscou a viúva do engenheiro Walter de Almeida Braga (1930-2016), que projetou a estrutura. A viúva, porém, disse que se desfez do acervo do engenheiro.

Especializado em estruturas, Braga participou de projetos importantes da cidade, como, por exemplo, o da ponte Júlio de Mesquita Neto, da linha 2-verde do metrô e de parte do Cebolão.

Nesta segunda-feira, o prefeito informou que irá pedir autorização ao TCM (Tribunal de Contas do Município) para fazer um contrato emergencial de realização de laudos de engenharia para a manutenção de 185 pontes em viadutos da cidade.

Essa avaliação das pontes e viadutos tem sido feita de forma visual pelos funcionários da secretaria de Obras, de acordo com o prefeito.

Neste ano, a gestão Covas gastou apenas 5,3% do valor previsto para recuperação e reforço de pontes e viadutos. A administração municipal reservou R$ 44,7 milhões para recuperação e reforço de viadutos e pontes no Orçamento deste ano. No entanto, a menos de um mês e meio do final do ano, gastou até agora apenas R$ 2,4 milhões.