Promotoria abre inquérito para apurar morte de cão; Polícia aguarda depoimento de segurança
O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil nesta quarta-feira (5) para apurar responsabilidades…
O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito civil nesta quarta-feira (5) para apurar responsabilidades na morte de uma cadela, resgatada ferida de uma unidade do Carrefour em Osasco (Grande SP). Na segunda (3), com registro de boletim de ocorrência como maus-tratos, uma investigação foi aberta também na Polícia Civil.
O caso provocou reações. Apontado como responsável por ferimentos no animal, o segurança da loja foi afastado preventivamente durante as investigações e é esperado para depoimento.
O cão estava havia alguns dias no local, era alimentado por funcionários e se aproximava das pessoas em busca de atenção. Após reclamações de clientes, segundo a empresa, um empregado terceirizado tentou afastá-lo. As causas são apuradas, mas a ação que envolveu a retirada do cão da loja e seu resgate pode ter resultado na morte do animal.
O caso ocorreu no dia 28 de novembro e foi seguido por informações conflitantes. Na ocasião, o Departamento de Fauna e Bem Estar Animal foi acionado para resgatar a cadela, que estava sangrando, e usou um enforcador para a captura. Levada para atendimento emergencial, ela apresentava pressão baixa, vomito com sangue, tinha escoriações múltiplas e morreu em seguida, segundo a prefeitura. Como não havia denúncia de agressão na ocasião -mas suspeita de atropelamento-, a administração municipal deu o destino esperado para o corpo, que foi cremado.
Imagens que mostram o cão próximo a manchas de sangue começaram a circular nas redes sociais dias depois com denúncias de maus-tratos. A hipótese de envenenamento também foi levantada. Sem o corpo do animal para perícia, as investigações se restringem a depoimentos e imagens de câmeras de segurança.
Na terça (4), a atriz Luisa Mell, militante da causa da causa da defesa animal, esteve na delegacia e transmitiu por rede social imagens e entrevista com a delegada responsável, Silvia Fagundes, que confirmou agressão. Também foram exibidos vídeos que mostram o segurança seguindo a cadela, que, depois, caminha e deixa marcas de sangue.
O hipermercado diz que a tentativa de afastar a cadela provocou um ferimento em sua pata e afirma que ela desfaleceu “em razão do uso de um ‘enforcador’, tipo de equipamento de contenção”, adotado pela prefeitura. Uma barra de alumínio, que teria sido usada contra o cachorro, foi apreendida e deve ser periciada.
Em nota, o Carrefour repudia qualquer tipo de maus-tratos e reconhece que “um grave problema” ocorreu na loja. “A empresa não vai se eximir de sua responsabilidade. Estamos tristes com a morte desse animal.”
O inquérito, aberto na segunda (3), deve apura as responsabilidades no episódio. Testemunhas ouvidas por defensores no fim de semana confirmaram agressões, de acordo com o delegado Bruno Lima, deputado eleito pelo PSL. Para ter validade, no entanto, esses depoimentos precisam ser prestados formalmente, à Polícia Civil.
Maus-tratos contra animais é crime previsto em lei e que pode render pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
Repercussão
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) se manifestou nesta quarta (5) sobre o caso e diz que “seres humanos são capazes de fazer bizarrices que, com certeza, os animais jamais fariam”. Também defendeu prisão para “quem tem prazer em crueldade”.
Nas redes sociais, anônimos e famosos reagem e pedem punição aos envolvidos. Fotos e desenhos fazem homenagens ao animal que morreu.
Há manifestações também em perfis de cães, como o da vira-lata Estopinha Rossi, que já foi abandonada e hoje é uma celebridade canina. “Ai tiospodia ter sido eu”, diz a publicação. “Quando os humanos vão entender que a gente merece tanto amor e respeito quanto eles? Que a gente sente dor? Que pede ajuda? Quando, tios?”