Investigação

Promotoria vê elementos para quebra de sigilo de Queiroz

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro informou ao MP do Rio que retirou um tumor no dia 1º; mulher e filhas faltam a depoimentos

O Ministério Público do Rio (MPRJ) informou que o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ) — que indicou movimentações de R$ 1,2 milhão em um ano nas contas do ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz —já permite a “realização de outras diligências, inclusive a quebra dos sigilos bancário e fiscal”.

Intimado a depor desde o mês passado, a defesa de Queiroz informou na terça-feira ao MP  que o ex-assessor passou os últimos dias internado no Hospital Israelita Albert Einstein , em São Paulo, e que, no dia 1º de janeiro, foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um câncer no cólon.

Queiroz foi diagnosticado com neoplasia de cólon sigmoide (câncer de cólon) e passou por uma cirurgia no dia 1º para a retirada do tumor. Ele recebeu alta do hospital ontem, por volta das 12h20, conforme revelou o colunista Lauro Jardim, no site do GLOBO. A defesa afirmou que Queiroz passará por nova avaliação médica para definir qual o melhor tratamento quimioterápico a ser realizado.

Ao GLOBO, Paulo Klein, advogado de Queiroz, informou que o próprio cliente está bancando os custos do tratamento no Einstein.

No documento enviado ao MP, a defesa diz que a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, e as suas duas filhas se mudaram temporariamente para São Paulo, onde devem permanecer por tempo indeterminado até o fim do tratamento médico do ex-assessor. A oitiva das três, que estava marcada para ontem, foi adiada. Segundo a defesa, elas não puderam comparecer, mas se comprometeram a ir ao órgão para prestar esclarecimentos assim que o quadro de saúde de Queiroz apresentar melhora.

Márcia e uma filha de Queiroz, Nathália Melo de Queiroz, foram empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro. Nathália também foi lotada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara. Outra filha do ex-assessor, Evelyn Melo de Queiroz, está lotada no gabinete de Flávio, que ainda não deixou de ser deputado estadual no Rio.

Segundo o Coaf, o ex-assessor recebeu em suas contas bancárias transferências e depósitos feitos por oito funcionários que foram ou estão lotados no gabinete parlamentar de Flávio na Alerj.

Ida de Flávio incerta

A suspeita é que o caso constitua desvio dos salários dos assessores, mas até agora não há provas que envolvam Flávio Bolsonaro em irregularidades.

Entre as movimentações atípicas registradas pelo Coaf, há também a compensação de seis cheques de R$ 4 mil cada, que somam R$ 24 mil, pagos à primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de saques fracionados em espécie. O presidente afirma que o cheque é parte do pagamento de uma dívida de R$ 40 mil.

Queiroz faltou duas vezes a depoimento marcado no MPRJ, alegando problema de saúde. Em entrevista ao SBT, Queiroz disse que parte do dinheiro que movimenta em suas contas é fruto da compra e venda de veículos usados, mas não explicou se os repasses de assessores tiveram relação com esse tipo de negociação.

O MP sugeriu que Flávio Bolsonaro deponha amanhã, mas até ontem o senador não havia respondido se aceitaria a data. Por ter foro privilegiado, o senador eleito pode escolher o dia que vai depor.