“PSDB tem que apresentar um projeto claro ao País”, diz Marconi
A declaração foi dada durante a palestra que fez na Universidade de Harvard, em Cambridge (Estados Unidos), no último sábado.
O governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou na palestra que fez na Universidade de Harvard, em Cambridge (Estados Unidos), no último sábado, que seu partido, o PSDB, precisa apresentar um projeto claro para País caso queira vencer as eleições presidenciais de 2018. “O PSDB precisa ser muito claro. Se quiser ganhar a eleição, precisa ter bons candidatos, mas precisa ter muita clareza em relação ao que quer”, afirmou Marconi para plateia formada por juristas, economistas, autoridades, empresários e estudantes de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), durante a 2ª Brazil Conference, promovida pelas duas instituições.
Segundo ele, o partido tem ainda de montar “uma boa equipe no planejamento do governo e uma boa equipe para governar”. “Ninguém é semideus, ninguém e melhor do que ninguém. Você tem aí eventualmente líderes que podem montar uma boa equipe, uma equipe experiente, com bons técnicos, bons profissionais, para fazer as coisas”, afirmou o governador. “Estou defendendo uma saída, uma transição democrática, que possa tirar o Brasil do abismo, do buraco em que ele se encontra. Ganhei todas as eleições em Goiás contra o PMDB”, disse o governador.
Marconi disse ainda que o próximo presidente da República, seja ele quem for e quando for, terá de ter a coragem para enfrentar a demanda das ruas. “Seja quem for presidente, vai ter que enfrentar essas pessoas, enfrentar o debate político, o debate democrático, o contraditório, e tentar mostrar para a população o que é melhor, qual o caminho, qual é o rumo e convencer a população de que nós não temos muitas escolhas”, afirmou. “Ou a gente faz as escolhas certas ou o Brasil vai continuar na situação em que se encontra”, disse o governador, que também falou sobre privatizações, órgãos de regulação e relação entre PSDB e PT durante a palestra.
Leia abaixo esses trechos:
Programa de Governo
O PSDB precisa ser muito claro. Se quiser ganhar a eleição, precisa ter bons candidatos, mas precisa ter muita clareza em relação ao que quer. E tem que montar uma boa equipe no planejamento do governo e uma boa equipe para governar. Ninguém é semideus, ninguém e melhor do que ninguém. Você tem aí eventualmente líderes que podem montar uma boa equipe, uma equipe experiente, com bons técnicos, bons profissionais, para fazer as coisas.
Transição democrática
Estou defendendo uma saída, uma transição democrática, que possa tirar o Brasil do abismo, do buraco em que ele se encontra. Ganhei todas as eleições em Goiás contra o PMDB. O meu adversário no meu Estado é o PMDB, com o PT. Eu ganhei todas as últimas da dobradinha PT-PMDB. Então, a opção que se fez, inclusive por parte da imprensa, é: primeiro, vamos resolver o que precisa ser resolvido de imediato, que é o impeachment. Depois, vai se cuidar das outras coisas. Tem muita gente cuidando do presidente da Câmara e examinando as questões do presidente do Senado. Ministério Público, Lava Jato, Supremo Tribunal Federal. Então, não tenho dúvida de que os que cometeram ilícitos vão pagar, estão pagando. Não tenho compromisso nenhum com nenhuma das pessoas que cometam ilícitos ou que tenham cometido ilícitos. Eu já tenho quatro mandatos de governador. Eu sempre tive muito cuidado, embora um governante esteja sempre suscetível a esse tipo de problema, mas eu já tenho quatro mandatos de governador e, felizmente, ando pelo meu Estado de cabeça erguida, estou aqui de cabeça erguida.
Postura da Presidência da República
Eu já tive mais medo dos movimentos sociais do PT: a CUT e o MST. Quando o ex-presidente Fernando Henrique era presidente, numa fase eu era deputado, na outra eu era governador. Eles enchiam Brasília para protestar contra tudo. Tudo que a gente está falando aqui, sobre mudanças e sobre reformas, eles são contra tudo. Eles não são a favor de nada do que eu estou falando aqui. Mas eles também não votam em mim e é preciso que as coisas fiquem muito nítidas. Agora, pelo menos há uma vantagem. Nós sabemos o tamanho deles. O tamanho deles foi mensurado agora nas manifestações últimas. Nós descobrimos o tamanho dos que querem um Brasil melhor, um Brasil diferente, forma 6 milhões nas ruas, e descobrimos o tamanho daqueles que sempre protestaram e sempre estiveram na contramão da história. Seja quem for presidente, vai ter que enfrentar essas pessoas, enfrentar o debate político, o debate democrático, o contraditório, e tentar mostrar para a população o que é melhor, qual o caminho, qual é o rumo e convencer a população de que nós não temos muitas escolhas. Ou a gente faz as escolhas certas ou o Brasil vai continuar na situação em que se encontra.
Privatizações
O processo de desestatização foi iniciado no Brasil não começou no governo Fernando Henrique, começou no governo Collor, se aprofundou no governo Itamar e depois no de Fernando Henrique. Quando isso foi delineado, imediatamente partiu para os marcos regulatórios: energia, telecomunicações, estradas, ferrovias, etc. Isso começou razoavelmente bem, e eu já alertava quando fui presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado que era preciso rediscutir o papel dos órgãos regulatórios. Era preciso primeiro dar autonomia para valer às agências. Segundo, dotá-las tecnicamente com profissionais de qualidade e isenção. E, em terceiro, ter critérios para a nomeação dessas agências. O que aconteceu no Brasil é que se esqueceram completamente os fundamentos desses órgãos. Partiu-se para indicações rigorosamente políticas, com salvo boas exceções. Então hoje um parlamentar indica um diretor de uma agência, outro indica de outra agência. Isso é uma vergonha.
Órgãos de regulação
A primeira providência para que possamos ter não só privatizações, mas concessões ou organizações sociais é ter órgãos regulatórios que realmente fiscalizem com isenção. Então é preciso que o próximo governo pense em estabelecer critérios rigorosos para nomeação dessas agências. E ao mesmo tempo de pessoas que cuidam também da desregulação. Ou você fortalece os órgãos regulatórios com a Controladoria Geral e os órgãos de transparência ou não funciona. Nós desperdiçamos muitos anos no Brasil por não dotarmos nossas agências de diretores e conselheiros efetivamente comprometidos com a fiscalização. E também porque não dotamos as agências com profissionais e técnicos que pudessem realmente fiscalizar.