PSOL vai ao CNJ contra desembargadora que acusou Marielle de ‘engajamento’ com bandidos
Além de entrar com uma representação no CNJ, partido também vai processar a desembargadora criminalmente pelas declarações sobre a vereadora
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) anunciou que vai entrar com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a desembargadora Marilia Catros Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que afirmou na sexta-feira em uma rede social que Marielle Franco, vereadora executada aos 38 anos com dois tiros na cabeça, “estava engajada com bandidos” e “não era apenas uma lutadora”. O vereador Tarcísio Motta contou que o partido também deve acionar a desembargadora criminalmente.
“De forma absolutamente irresponsável, a desembargadora entrou na ‘narrativa’ que vem sido feita nas redes sociais para desconstruir a imagem de Marielle, do PSOL e da luta pelos direitos humanos”, afirmou o partido em nota. Segundo o PSOL, o texto está sendo preparado e deve ser protocolado no CNJ no início da semana.
A desembargadora, no cargo desde 11 de dezembro de 2006, disse nas redes sociais que “a tal Marielle descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”, que, segundo Marília, seriam do Comando Vermelho.
Marielle, na avaliação da desembargadora, foi assassinada “por seu comportamento, ditado por seu engajamento político”. “Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”, escreveu.
Corrente contra calúnia e difamação
O vereador Tarcísio Motta (PSOL-RJ) disse que o partido, além de entrar com uma representação no CNJ, vai processar a desembargadora criminalmente pelas declarações sobre a vereadora Marielle Franco:
— É um enorme absurdo principalmete se tratando de uma desembargadora. Um desrespeito enorme com uma vereadora. Isso é fruto de um ódio que vem se espalhando, principalmente, nas redes sociais. Além disso, sobre essas calúnias e mentiras que estão circulando sobre a Marielle, bastava pesquisar um pouco para saber se trata de mentiras. É uma mistura de cretinismo e mentira. Não houve o mínimo de postura republicana que se espera de uma desembargadora, aliás de uma pessoas que estão em cargos públicos — disse.
Tarcísio contou ainda que está sendo montado um grupo de advogados para garantir que qualquer calúnia e difamação contra Marielle sejam cobradas judicialmente.
Nas redes sociais, um movimento para identificar posts ofensivos contra a vereadora já está circulando. Um e-mail está sendo disponibilizado para que as pessoas enviem publicações com ofensas e calúnias sobre Marielle para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
O GLOBO está tentando entrar em contato com a desembaradora Marilia Castro Neves, mas ainda não obteve retorno.