Queda nas consultas de oftalmologia aumenta casos de cegueira na pandemia
A pandemia da Covid-19 trouxe atraso no diagnóstico e tratamento de muitas doenças, entre elas…
A pandemia da Covid-19 trouxe atraso no diagnóstico e tratamento de muitas doenças, entre elas disfunções que geram problemas oculares. Isso porque, como resultado das medidas de prevenção e controle impostas, muitos pacientes tiveram seus atendimentos, exames, tratamentos e cirurgias eletivas (não urgentes) adiados. No entanto, especialistas alertam que a postergação da consulta com um oftalmologista tem aumentado o número de casos irreversíveis de cegueira.
De acordo com a oftalmologista do Centro Avançado de Oftalmologia do Hospital São Vicente de Paulo e especialista em glaucoma, Luísa Aguiar, o principal motivo pelo qual pacientes estão deixando de ir às consultas médicas é o medo de contágio pelo coronavírus. Ela, que acompanha pacientes com a doença, conta que a indicação de retorno médico é indispensável, especialmente em casos em que a anomalia é degenerativa. De 2020 para cá, a especialista já presenciou quase dez casos de pacientes que tiveram perda total ou parcial da visão.
— Tive casos de pacientes que ficaram cegos porque demoraram cerca de duas semanas para procurar atendimento. Após a pandemia, haverá um boom de casos como esses ou porque não conseguiram atendimento em hospitais públicos ou porque não procuraram atendimento por medo de contágio pela Covid — aponta Luísa.
Um levantamento realizado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em parceria com a consultoria 360º CI, aponta uma queda de 1,6 milhão de exames para detecção precoce do glaucoma no Sistema Único de Saúde durante a pandemia — diminuição de cerca de 27% em relação a 2019. Ainda de acordo com a análise, pelo menos 6,5 mil cirurgias para tratar a doença deixaram de ser realizadas pelo SUS ao longo de 2020, o que representa uma queda de 22% em relação ao ano anterior.
Somado ao medo do contágio, o chefe do Centro Avançado de Oftalmologia do Hospital São Vicente de Paulo, Tiago Bisol, explica que os efeitos ocasionados pela pandemia, como alimentação irregular e sedentarismo, favorecem o agravamento de problemas oculares considerados leves e causam perda severa de visão em pacientes que já apresentam doenças em estágios avançados.
— Os quadros clínicos especialmente de pacientes com doenças crônicas e emocionais foram muito agravados. Quem tem retinopatia diabética, que é uma das doenças que causam cegueira, foi um dos mais atingidos pela pandemia, porque com o aumento do índice glicêmico, o quadro piora bastante — explica.
Segundo o médico membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Rodrigo Pegado, por serem doenças oculares que atingem principalmente pessoas idosas, o risco foi duplicado, tanto pelo desenvolvimento acelerado do problema quanto pela infecção pelo coronavírus. No entanto, o especialista afirma que a vacinação rápida da população ajudará a desafogar os leitos dos hospitais e reduzir a gravidade da pandemia, fazendo com que seja possível retomar cirurgias e atendimentos seguros em hospitais.
— No começo da pandemia estávamos operando apenas casos urgentes, fazendo o teste PCR antes das cirurgias. Mesmo segundo as recomendações de segurança, a vacinação é fundamental, especialmente nos idosos e médicos — diz.
Fique atento:
Hábitos para prevenir doenças na visão:
1 – Visite o oftalmologista com o espaçamento de tempo exato determinado pelo médico
2 – Siga uma alimentação equilibrada e preze pela saúde mental
3 – Evite a automedicação e exames feitos por óticas
4 – Evite a exposição excessiva ao sol e telas de computadores e celulares
5 – Não utilize produtos químicos muito próximos aos olhos
Doenças oculares que causam cegueira:
Retinopatia Diabética
A retinopatia diabética é causada por danos aos vasos sanguíneos no tecido da retina. Os primeiros sintomas incluem moscas volantes, borrões, áreas escuras na visão e dificuldade de distinguir cores. É possível tratar casos leves com um controle cuidadoso do diabetes. Já os casos avançados podem necessitar de tratamento a laser ou cirurgia.
Glaucoma
Em todos os tipos de glaucoma, o nervo que liga o olho ao cérebro encontra-se danificado, geralmente devido à alta pressão ocular e tem como principal sintoma a perda lenta da visão. O tratamento inclui colírios, medicamentos e cirurgia.
Catarata
A maioria dos casos de catarata desenvolve-se lentamente ao longo de anos. O principal sintoma é a visão embaçada, como se a pessoa estivesse olhando por um vidro opaco. A catarata tem cura e pode ser corrigida através de cirurgia.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
A DMRI afeta a área central da retina (a mácula) O principal sintoma da degeneração da visão central, que tira a nitidez da imagem. Após o exame, o médico realizará o diagnóstico para categorizar como tipo “seco” ou “úmido”. Por ser uma doença degenerativa, a DMRI não tem cura, mas é possível tratá-la.