Redes 5G estreiam no Brasil sem entregar potencial da conexão
Falta de chips e aparelhos compatíveis impedem navegação
A telefonia de quinta geração vai chegar a mais três capitais nesta sexta-feira (29) sem que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) possa enquadrar as operadoras pela qualidade do serviço prestado. Os entraves técnicos dão margem para que, na prática, os usuários usem um serviço que não chega ao potencial prometido pelo 5G.
Em Brasília, primeira cidade a receber a tecnologia no país (no início de julho), o serviço segue instável e com as velocidades prometidas oscilando e, muitas vezes, se equiparando às do 4G devido à falta de cobertura na capital. Nesta semana, está prevista a entrada em operação em Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Porto Alegre (RS).
++ Goiânia se prepara para receber sinal de 5G a partir de setembro
Técnicos da Anatel consultaram fabricantes de chips e de aparelhos de quinta geração para saber o que está ocorrendo e descobriram que poucos modelos funcionam hoje com a tecnologia chamada de “standalone”, a do “5G puro“.
Na rede standalone, o tempo de resposta para o celular receber os dados é inferior a 1 milissegundo —tempo conhecido como latência. O “não-standalone” oferece latência maior.
Além das redes standalone e não-standalone, há as chamadas redes DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na sigla em ingês), que simulam a velocidade do 5G —mas por antenas de 4G. A latência também é maior que a do 5G.
Muitos aparelhos precisam ter seus chips trocados para usar o 5G puro, como o iPhone. A Apple já avisou a Anatel que seus aparelhos precisam de chips 5G para funcionarem em standalone.
No entanto, há falta de chips de quinta geração no mercado. Por isso, segundo os fabricantes, as teles ainda não lançaram planos que operam realmente com o 5G —a única operadora que separou as redes com planos próprios para o 5G standalone foi a TIM.
Os aparelhos hoje exibem o sinal do 5G na tela, mas em grande parte eles funcionam na rede DSS —que simula a velocidade do 5G— ou na 5G não-standalone.