Reino Unido aprova a vacina de Oxford, a maior aposta do governo Bolsonaro
O Reino Unido aprovou nesta quarta-feira (30) a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade…
O Reino Unido aprovou nesta quarta-feira (30) a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca para uso na população. O país é o primeiro a conceder a aprovação. A previsão é de que as perimeiras doses comecem a ser aplicadas já na próxima segunda-feira em grupos de risco, que serão prioritários. É o segundo imunizante aprovado pelos britânicos; o primeiro foi o da americana Pfizer, que já começou a ser apliicado em grupos com prioridade no Reino Unido, primeiro país a conceder a autorização.
A vacina de Oxford-AstraZeneca também é uma das quatro testadas no Brasil e é a maior aposta do governo do presidente Jair Bolsonaro, que fechou contrato de compra e de transferência de tecnologia do imunizante, para produção no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A aprovação da vacina ocorre em meio ao surgimento de uma nova variante do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Inglaterra, que pode ser mais contagiosa do que as anteriores.
A aprovação da vacina de Oxford também é relevante porque ela pode ser mantida em temperaturas normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC. A da Pfizer, por outro lado, precisa ser armazenada a -75ºC, o que representa um problema de logística para muitos países – inclusive o Brasil.
O governo britânico não esclareceu, no entanto, qual será a dosagem usada da vacina de Oxford – que tem uma dose inicial seguida de uma dose de reforço, aplicada semanas depois. Isso é importante porque, durante os testes da vacina, os cientistas perceberam que as pessoas que receberam uma dose menor da vacina na primeira aplicação ficaram mais protegidas do que as que receberam uma dose maior na primeira injeção, o que casusou dúvidas sobre o produto. Os pesquisadores ainda não sabem por que isso aconteceu, mas disseram que ficaria a cargo dos órgãos regulatórios decidir qual primeira dose seria usada.
Em nota, o governo disse, apenas, que a prioridade será aplicar a primeira dose de ambas as vacinas – tanto a de Oxford como a da Pfizer, aprovada há semanas – no máximo de pessoas em grupos de risco, ao invés de dar as duas doses no menor intervalo de tempo possível.
O governo britânico garante, entretanto, que “todos receberão a segunda dose dentro de 12 semanas após a primeira”.
Em entrevista à rádio da BBC nesta quarta-feira, o diretor da AstraZeneca, Pascal Soriot, disse que a farmacêutica poderia fornecer ao Reino Unido até 2 milhões de doses por semana – e começaria a enviar as primeiras “hoje ou amanhã”.
O Reino Unido já adquiriu 130 milhões de doses de vacina: 100 milhões de Oxford e 30 milhões da Pfizer. Ambas as vacinas precisam ser aplicadas em duas doses. A população do país é de cerca de 67 milhões de pessoas.
O secretário de Saúde britânico, Matt Hancock, disse que, eventualmente, todos os adultos receberão a vacina.
“Portanto, agora posso dizer com segurança que podemos vacinar todos, exceto, é claro, as crianças, porque essa vacina não foi testada em crianças e, de qualquer forma, elas têm muito menos probabilidade de apresentar sintomas da doença”, declarou Hancock, também nesta quarta-feira.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, comemorou a aprovação, no Twitter, como “uma notícia verdadeiramente fantástica – e um triunfo para a ciência britânica”. “Vamos agora vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível”, escreveu.
Parceria com o Brasil
O Brasil tem um acordo de compra e de transferência de tecnologia da vacina com a AstraZeneca. Em solo brasileiro, a previsão é de que ela seja produzida pela Fiocruz.
Editada em fevereiro deste ano, a lei nº 13.979, que dispõe sobre as medidas de enfrentamento à Covid-19, prevê a aprovação de uso emergencial de vacinas para a doença com base no parecer de agências regulatórias internacionais, como dos Estados Unidos e da União Europeia, mas não cita a MHRA, agência britânica.
Na segunda-feira (28), a presidente da fundação disse que prevê entregar as primeiras doses da vacina em fevereiro.
Antes disso, há duas semanas, o Ministério da Saúde havia anunciado que prevê receber 15 milhões de doses compradas da vacina de Oxford em janeiro e outras 15,2 milhões em fevereiro. O número é do lote de vacinas comprado de fora, anunciado no fim de junho.
Na terça-feira (29), a pasta anunciou que a previsão é começar a vacinação contra a Covid-19 no Brasil entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro.