Ritmo de avanço da pandemia volta a crescer e chega perto da semana de pico em maio
Após três semanas de queda no ritmo de crescimento da pandemia no Brasil, medido pela…
Após três semanas de queda no ritmo de crescimento da pandemia no Brasil, medido pela média semanal de casos novos de infecção, ele voltou a crescer, atingindo um percentual semelhante aos da semana de pico, em maio. Os dados são do último Boletim Infogripe, da Fiocruz. Ele indica um crescimento de casos novos de 2,4% no país, mostrando uma retomada do aumento de novos casos semanais.
O boletim alerta que os valores semanais estão acima do nível considerado muito alto. O coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, diz que o crescimento é puxado sobretudo pelos estados do Sul.
Os dados do Infogripe se referem aos casos de internação e morte por síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Eles são um bom indicador da pandemia porque a Covid-19 hoje é responsável por 96,5% dos casos e 99% dos óbitos com resultado positivo para algum vírus respiratório no Brasil.
Ele explica que após atingir um primeiro pico na semana epidemiológica 19 (período de 3 a 9 de maio), quando a média móvel registrou 20.516 novos casos, a curva de Srag no país registrou queda por três semanas consecutivas. A redução se manteve até 30 de maio (fim da semana epidemiológica 22). A média móvel dessas três semanas foi 18.248 novos casos.
– Desde então, os registros semanais voltaram a subir, com um crescimento médio de 2,4% por semana, atingindo uma estimativa de 20.471 novos casos semanais para a média móvel referente à semana 27 (realizada com base nas semanas 26, 27 e 28), valor muito próximo ao pico da semana 19, a de pico – acrescenta Gomes.
Os dados foram consolidados levando em conta a última semana epidemiológica analisada, a 28, de 5 a 11 de julho. As informações são do Sivep-gripe, o sistema de notificação nacional, do Ministério da Saúde.
Mesmo no Paraná, onde havia, uma expectativa de estabilização, a média de casos novos registrados por dia subiu. E com a chegada do inverno, quando os casos de infecções respiratórias costumam aumentar, a perspectiva é de agravamento.
– No inverno no Sul as pessoas ficam em ambientes fechados e mais juntas, isso facilita a propagação de vírus. No Sul, a Covid-19 se alastra com força desde maio – destaca Gomes.
Também preocupa o Centro-Oeste, em especial o Distrito Federal e o Mato Grosso. Gomes explica que a redução apontada nas internações nas últimas semanas pode ser devida ao colapso do sistema de saúde:
– Muitos casos, provavelmente, não aparecem porque as pessoas não conseguiram vaga nos hospitais devido à saturação do sistema e não porque houve redução de novas infecções – salienta ele.
Gomes ressalta que há enormes diferenças regionais no Brasil e que a pandemia não tem um ritmo uniforme. Minas Gerais apresenta uma tendência de crescimento de casos semelhante ao da Região Sul.
Em São Paulo, o estado com o maior número absoluto de casos, o Infogripe detectou tendência de estabilização após queda leve, uma diminuição média de 2% por semana desde o pico observado na semana 20 até a semana 25.
Estados que vinham registrando queda nos boletins anteriores, Amapá, Tocantins, Ceará e Rio de Janeiro registraram sinais de crescimento. No Rio, ele é puxado, sobretudo pelo avanço do coronavírus, pelo interior.
Rondônia, Bahia e Goiás apresentam sinal de possível início de queda, sendo o sinal mais claro em Rondônia.