ESPAÇO

Rocha espacial de 27 kg é encontrada no Sertão da Paraíba – meteorito tem 4,5 bilhões de anos, diz APA

Nomeado "Nova Olinda", o meteorito é composto de ferro e níquel. Segundo a análise, o rochedo tem como origem um protoplaneta destruído por violento impacto

Meteorito Nova Olinda encontrado no Sertão Paraibano. (Foto: André Moutinho)

Uma rocha espacial de quase 27 kg foi encontrada em Nova Olinda, no Sertão da Paraíba, a 427 km da capital, João Pessoa. A descoberta foi analisada, classificada e oficializada no último sábado (19) pela Meteoritical Society, organização acadêmica sediada na Virgínia, nos Estados Unidos. É a primeira vez que um meteorito é descoberto no Estado. 

De acordo com a Associação Paraibana de Astronomia (APA), a rocha tem 4,5 bilhões de anos e data do período de formação do Sistema Solar. Nomeado “Nova Olinda”, o meteorito é composto de ferro e níquel. Segundo a análise, o rochedo tem como origem um protoplaneta destruído por violento impacto.

Em nota, a APA disse que “Ainda não se sabe há quanto tempo o meteorito Nova Olinda teria caído na Terra, mas, devido ao intemperismo observado nele, é provável que isso tenha ocorrido há alguns milhares de anos, e ele tenha permanecido enterrado por todo esse tempo”, divulgou.

Encontrado em 2014 por irmãos

Os irmão João Jarba (esquerda) e Roma Edsom (direita) encontraram o primeiro meteorito da Paraíba – (Foto: Roma Edsom)
Os irmão João Jarba (esquerda) e Roma Edsom (direita) encontraram o primeiro meteorito da Paraíba – (Foto: Roma Edsom)

Reconhecido como rocha espacial no último sábado (19), o meteorito foi encontrado em 2014. Os irmãos Edsom e João Oliveira encontraram o objeto quando procuravam por ouro, usando detectores de metal, na fazenda de sua propriedade, na zona rural do município. O meteorito foi localizado no subterrâneo e, por não ser ouro, foi deixado como enfeite na mesa de jantar.

Somente em 2020, após a descoberta de um meteorito em Santa Filomena (PE), a repercussão do caso fez os irmãos Edsom e João Oliveira suspeitarem que a pedra poderia ser originária do espaço. Os irmãos contataram o colecionador André Moutinho, que orientou a dupla a enviar amostras para São Paulo. Foram realizadas as análises física, química e petrográfica.

Pesquisa

A análise foi realizada através de uma parceria entre pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, e um grupo de pesquisadores da Universidade São Paulo (USP), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). “Nova Olinda” é o segundo meteorito metálico classificado através de análises químicas feitas no Brasil. O primeiro foi o “Conceição de Tocantins”, também oficializado em 2022 pela Meteoritical Society. A intenção agora é vender o achado para o Governo do Estado, para que fique exposto no hall do Planetário do Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa.

Ofício de audiência

A APA informou que foi enviado um Ofício à Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia, mas que o órgão não respondeu ao pedido de agendamento de audiência. “O Planetário do Espaço Cultural já é um importante equipamento para o ensino e para a popularização da ciência no Estado. Se pudesse contar também com o primeiro meteorito da Paraíba em exposição, permitiria aos visitantes do Planetário que tivessem uma experiência única. Infelizmente, mesmo depois de cobrar retorno tanto por e-mail quanto por telefone, passaram-se 4 meses e até hoje não houve nenhuma resposta”, lamentou a associação.

Valor científico e comercial

Ainda de acordo com a APA, apesar de ter valor científico para a Paraíba, o meteorito Nova Olinda não tem muito valor comercial. A associação avalia que a compra do meteorito e a montagem da exposição custaria cerca de R$ 50 mil ao Governo do Estado.

Com informações do Portal ClickPB