Ronaldinho é processado por suposta ligação a empresa suspeita de golpe
O jurídico de Ronaldinho diz que o ex-jogador era apenas garoto-propaganda da empresa e que encerrou a parceria comercial após se sentir lesado pelos representantes da 18k
Uma moradora da cidade de Bandeirantes, no interior do Paraná, entrou com ação contra Ronaldinho Gaúcho e os dois sócios da “18kRonaldinho”, empresa voltada ao mercado financeiro. Ela pede indenização de R$ 52,6 mil por danos moral e material. A defesa do ex-jogador contesta sua ligação com a organização.
A mulher de 25 anos alega que levou golpe da empresa, que prometia rendimentos de até 2% ao dia com negociação de Bitcoin (moeda virtual). Segundo ela, o sistema da 18kRonaldinho está fora do ar desde o fim do ano passado, impossibilitando o resgate de 10.142,75 dólares (R$ 43.436 na cotação atual) aplicados em sua conta em setembro de 2019.
Atualmente desempregada, a mulher afirmou sofrer constrangimentos por ter sofrido prejuízo financeiro e pediu para não ter o nome revelado.
O jurídico de Ronaldinho diz que o ex-jogador era apenas garoto-propaganda da empresa e que encerrou a parceria comercial após se sentir lesado pelos representantes da 18k. Apesar do nome 18kRonaldinho e Comércio
Participações LTDA, o ex-jogador não é oficialmente sócio dela. De acordo com os dados do CNPJ a empresa, os donos são Rhafael de Oliveira e Marcelo Lara, que também são réus na ação.
O advogado da autora do processo diz que Ronaldinho se identificava como sócio e fundador da 18k nos vídeos apresentados ao público. O ex-jogador da seleção brasileira era o garoto-propaganda da empresa.
No processo, o advogado anexou material de publicidade feito pela organização em que Ronaldinho é tratado como um dos donos da 18k. “O Ronaldinho se dizia sócio da empresa e convidava as pessoas para investir e participar do negócio. Ele também integrou o negócio fraudulento, e, portanto, deve responder pelo ato ilícito causado”, disse Clayton Alexsander Marques, advogado da autora da ação.
“Tentamos recuperar o dinheiro investido em contato com a empresa, mas nos ofereceram em troca produtos de baixo valor, como um relógio da marca Ronaldinho”, acrescentou.
A autora do processo contra Ronaldinho e os sócios da 18k disse à Justiça que aplicou 12 mil dólares (R$ 51.390, na cotação do dia) na conta da empresa. A intenção era adquirir um pacote chamado de “Pack”, cuja rentabilidade seria de até 2% diários.
A promessa era de que esse plano renderia ao mês 3,6 mil dólares (R$ 15.417). Depois de 10 meses, o saldo total seria de 36 mil dólares (R$ 154 mil) para quem tivesse aplicado 12 mil dólares (R$ 51.390).
O valor do pack seria investindo em criptomoeda, comprada e vendida por um “robô” da empresa. Os lucros obtidos com as transações seriam repartidos aos investidores em até 200 dias úteis. Inicialmente, ela afirma ter retirado uma parte do valor aplicado. Assim, restariam na conta 10.142,75 dólares, indisponíveis para saque no momento.
Segundo o processo enviado à Justiça, a empresa teria oferecido bônus de 7% a cada novo integrante indicado para a plataforma.
O advogado de Ronaldinho Gaúcho, Sérgio Queiroz, comunicou que o ex-jogador teve imagem e nome explorados indevidamente pelos sócios da empresa. “Ainda não fomos citados [no processo] e, neste passo, não tenho conhecimento, ainda, do contido na ação. Ronaldo não foi sócio da citada empresa. E, sim, a imagem do Ronaldo foi utilizada de forma indevida e sem autorização contratual/legal”, afirmou.
A reportagem entrou em contato com os representantes da 18kRonaldinho. Advogado da empresa, Gabriel Villa afirmou que só se posiciona após ter acesso ao processo. “A posição da empresa é de não se manifestar sobre demandas em andamento, principalmente sobre aquelas às quais não tenha tido acesso. A empresa apresentará seus argumentos pela via oficial e quando regularmente intimada para tanto”, declarou.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que fiscaliza o mercado de investimentos, abriu um processo contra a 18kRonaldinho para apurar supostas práticas de pirâmide.
Pirâmide financeira é uma prática proibida no Brasil e configura crime contra a economia popular (Lei 1.521/51). O esquema promete retorno expressivo em pouco tempo e é vantajoso apenas enquanto atrai novos investidores.
Quando clientes param de se associar, a pirâmide não consegue cobrir o retorno prometido e entra em colapso, prejudicando a maioria dos sócios.