SAÚDE

São Paulo orienta grávidas com varíola dos macacos a optar por cesariana

Medidas como suspensão de amamentação por mulheres infectadas fazem parte de protocolo do governo para evitar transmissão para bebê

(Foto: Pixabay)

O Governo de São Paulo divulgou protocolos clínicos específicos para mulheres grávidas, puérperas e lactantes em casos de diagnóstico positivo para varíola dos macacos. Dar preferência pela cesariana a depender das lesões causadas pela doença e suspender a amamentação do bebê por pelo menos 14 dias são algumas dessas medidas.

Mulheres grávidas e puérperas são reconhecidas como um grupo de risco para quadros graves de varíola dos macacos. Além disso, elas podem transmitir o vírus para os recém-nascidos, que também são do grupo de risco para a doença. O cenário faz com que algumas orientações sejam voltadas para esse público.

“A mãe grávida tem um protocolo específico”, afirmou David Uip, secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do governo paulista, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (4). No estado de São Paulo, já foram registradas duas gestantes com a infecção –no total, são 1.298 casos da doença.

Uma das indicações é dar preferência para a cesariana em casos de infecção por monkeypox –vírus que causa a varíola dos macacos. Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde, explicou que o parto normal pode ser cogitado em casos em que a grávida não apresenta as vesículas –bolhas com líquido dentro– comuns à doença nas regiões vulvovaginal e perianal (em volta do ânus).

Outra medida envolve a suspensão do aleitamento materno por pelo menos 14 dias. Uma das razões para essa recomendação é que a amamentação aumenta o contato do bebê com a mãe. Como a principal forma de transmissão do vírus é por contato pele a pele, manter o aleitamento pode representar um risco ao recém-nascido.

Além disso, faltam estudos a respeito da transmissão do vírus por leite materno. “Nós não sabemos se, para essa doença, existe alguma transmissão através do leite materno”, afirmou Gorinchteyn.

O contato direto do bebê com a mãe, independente da amamentação, também foi uma orientação dada pelo secretário de saúde. “Nós estamos discutindo outras formas de proteção do bebê […], mas, neste momento, nós ainda não temos essa segurança e, por isso, a orientação é de manter o bebê e a mãe afastados durante esse cenário.”

Segundo Gorinchteyn, o governo estadual disponibiliza 56 maternidades em São Paulo aptas para o atendimento em casos de varíola dos macacos. O secretário também afirmou que os protocolos clínicos podem ser alterados no futuro.

Máscaras e gestantes

Uma nota técnica do Ministério da Saúde recomendou que grávidas, puérperas e lactantes mantenham o uso de máscaras devido ao surto de varíola dos macacos. O documento também orienta que elas se afastem de pessoas com sintomas da doença e usem preservativo em todas as relações sexuais.

“As gestantes apresentam quadro clínico com características semelhantes às não gestantes, mas podem apresentar gravidade maior, sendo consideradas grupo de risco para evolução desfavorável”, diz a nota técnica.

Na entrevista coletiva, Uip chamou a a orientação de “prudente” e “adequada”.

“Máscara é algo que hoje está inserido no contexto hospitalar”, disse o secretário.

No caso da varíola dos macacos, a transmissão por gotículas respiratórias é mais rara, pois demanda contato próximo e prolongado. Por isso, o uso de máscaras como uma proteção contra a infecção é recomendado para situações específicas.

O CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA), por exemplo, indica o equipamento para profissionais de saúde, pacientes com varíola dos macacos quando em contato com outros indivíduos de forma prolongada e próxima (em média, menos de 2 metros de distância).