Saúde admite que adquiriu apenas metade das 560 mi de doses divulgadas
Resposta veio em requerimento feito por um deputado federal após divulgações de peças publicitárias
O Ministério da Saúde confirmou ter comprado apenas metade das 560 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 que foram informados em publicidades na imprensa e redes sociais. A admissão ocorreu pela equipe liderada por Marcelo Queiroga em ofício publicado no último dia 12 de abril.
A resposta foi dada ao requerimento de informação apresentado pelo deputado federal Gustavo Fruet (PDT-PR). No documento, o parlamentar pedia esclarecimentos sobre as propagandas do governo federal. O retorno foi de que a pasta da Saúde admitiu ter superestimado o número real de doses adquiridas.
O documento questionou se o Ministério realmente havia comprado o número de doses divulgadas. “Houve a efetiva compra/negociação de 560 milhões de doses ou apenas o indicativo de intenção de compra?”, escreveu o deputado Fruet.
O ministério respondeu em um trecho do documentos que “os registros documentais demonstram que foram celebrados acordos para fornecimento de 281.023.470 doses da vacina Covid-19“. Isso representa quase 300 mil doses a menos do que foi informado oficialmente.
No último dia 24 de março, o Ministério da Saúde publicou em sua conta oficial no Twitter um vídeo detalhando a quantidade de vacinas que estariam disponíveis no país no decorrer do ano. A publicação acompanhava a frase: “foram compradas mais de 560 milhões de doses de vacinas”.
“A luta contra a Covid-19 continua: foram compradas mais de 560 milhões de doses de vacinas. Em abril, a previsão é vacinar mais de um milhão de pessoas por dia. Enquanto isso, os cuidados devem continuar. Brasil imunizado. Somos uma só nação. Ministério da Saúde. Governo Federal”, diz o texto publicado nas redes sociais.
O gabinete do ministro explica no retorno ao requerimento que no montante de 560 milhões de doses que foram anunciadas incluía “outras 281.889.400 doses (que) estão em fase de negociação”. Ou seja, não havia acordo de compra definido, mas foi apresentado pelo governo como parte do estoque de vacinas adquiridas.
“Como destacado em sede de resposta, pode-se afirmar que das 572.912.870 doses destinadas para atendimento das ações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, já foram contratadas 281.023.470 doses a serem fornecidas pelas instituições públicas e privadas mencionadas acima”, finaliza a reposta fornecida pelos técnicos da pasta.
Dessa forma, o Ministério da Saúde detalhou as vacinas que foram compradas até o momento: 100 milhões de doses da CoronaVac, 100 milhões da Pfizer, 38 milhões da Janssen, 20 milhões da Covaxin, 12 milhões da AstraZeneca e 10 milhões da Sputnik V.
A pasta destaca que as 281 milhões de doses pendentes para compor a proposta de 560 milhões estão sendo negociadas com a Oxford/AstraZeneca (210 milhões), Sinovac (30 milhões), Covax Facility (41 milhões) e ainda há expectativa de que 13 milhões de doses que podem ser fornecidas pela Moderna.
A resposta ao requerimento do deputado foi assinada pelo diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, no dia 12 abril. As informações, no entanto, só puderam ser apreciadas pela Câmara nesta segunda-feira, ainda dentro do prazo de 30 dias para que o requerimento de informações fosse devolvido com dos dados solicitados.
*Com informações da CNN Brasil