RASTREAMENTO

Saúde reforça vacinação e testagem em São Luís para conter variante indiana

Ministro Marcelo Queiroga esteve na capital maranhense para entregar 600 mil testes rápidos

Queiroga diz que vai recomendar vacinação de crianças contra Covid só com prescrição (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste domingo (23) um reforço de 5% nas vacinas contra Covid-19 destinadas a São Luís e municípios próximos. Ele foi até a cidade para entregar 600 mil testes rápidos. As duas medidas fazem parte do esforço para conter a variante indiana do coronavírus, que foi identificada no tripulante de um navio vindo da Malásia que passava pelo Maranhão. Em janeiro, quando a segunda onda da pandemia atingia mais duramente Manaus, o Ministério da Saúde anunciou medida semelhante, com um reforço na quantidade de vacinas enviadas ao Amazonas.

Queiroga também disse que o acordo de transferência tecnológica entre a empresa farmacêutica AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será assinado durante a semana. Caso isso se concretize, a Fiocruz dará mais um passo para produzir inteiramente no Brasil a vacina de Oxford, o que depende também de aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O ministro afirmou que a estratégia para conter a variante indiana no Brasil passa por vários pontos. Isso inclui a campanha de vacinação, a ampliação do programa de testagem, com até 20 milhões de teste rápidos, e orientações para população continuar adotando as chamadas medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e distanciamento social. No caso específico de São Luís, são 600 mil testes destinados aos portos, aeroportos, terminais rodoviários e rodovias de acesso à cidade. Além disso, a capitão maranhense e outros três municípios localizados na mesma ilha — Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar — terão 300 mil doses a mais das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca.

O Ministério da Saúde também informou que providenciou o isolamento e testagem de todos os tripulantes o navio, e que já implementou a vacinação de todos os portuários e aeroportuários do Brasil.

— Nós todos estamos atentos à variante indiana, para que não tenha transmissão comunitária. Já hoje e ontem conversei com o secretário [de Saúde de São Luís], Joel [Nunes], e com o prefeito Eduardo [Braide], e ele fez um pleito, um pleito muito justo, que era ampliar a cobertura de vacinação em São Luís, na ilha, nas cidades da ilha. Foi acatado pelo programa nacional de imunização. Teremos 5% a mais de vacinas, isso é aproximadamente 300 mil doses neste primeiro momento. Além de que o governo federal, o Ministério da Saúde vai entregar ao secretário [de saúde odo Maranhão] Carlos Lula, ao secretário Joel 600 mil unidades do teste rápido para que possamos diagnosticar esses casos e eventualmente identificar essa variante indiana — afirmou Queiroga.

No sábado, Queiroga e o governador do Maranhão, Flávio Dino, bateram boca no Twitter. O governador disse que o secretário de Saúde do estado não foi consultado pelo Ministério da Saúde sobre o aparecimento da cepa indiana, enquanto Queiroga garantiu que conversou sim com Carlos Lula. Neste domingo o ministro negou que tenha ocorrido um mal estar com o governo do Maranhão. Ele também elogiou o trabalho do município de São Luís no combate à pandemia.

Queiroga disse ainda que o país já adquiriu mais de 500 milhões de doses — embora a maior parte não tenha sido entregue — e que isso é uma garantia de que toda a população adulta brasileira será imunizada até o fim de 2021. Citou ainda o acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca. Atualmente, a Fiocruz importa todo o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) do produto, mas, uma vez assinado o acordo, poderá fazê-lo no Brasil.

Para isso, é preciso também aval da Anvisa. Em 30 de abril, a agência já havia permitido a Fiocruz a produzir o IFA no Brasil. Mas essa foi apenas uma primeira autorização, para que a Fiocruz possa fabricar em pequena escala vacinas com a substância feita no país. Ainda é necessário obter nova autorização para uma produção maior. De qualquer forma, ainda não foi possível iniciar nenhuma produção justamente porque o acordo com a AstraZeneca não foi firmado.

— Semana que vem vamos assinar o acordo de transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz. O Brasil é um dos poucos países que têm capacidade de produzir vacina em seu território. Então são esses fatos que nos fazem ter segurança de que é possível vacinar a população brasileira. E temos condição de fazer muito mais. O brasileiro não desiste nunca. Nós não vamos desistir — disse Queiroga.

Segundo a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, ao dizer “semana que vem” o ministro se referiu à semana que começará segunda-feira, e não ao período que iniciará no próximo domingo.