Saúde tem 10 dias para explicar cloroquina e troca de vacinas no Amazonas
Prazo consta em dois ofícios encaminhados pelo MPF à pasta
O Ministério Público Federal (MPF) deu dez dias para que o Ministério da Saúde forneça informações sobre uma excursão de funcionários da pasta para promover o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 com uso de cloroquina em Manaus e o envio equivocado de vacinas para o Amapá em vez do Amazonas. O prazo consta em dois ofícios encaminhados pelo MPF à pasta.
No primeiro caso, o MPF apura supostas irregularidades nas ações do Ministério da Saúde para propagar o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada no tratamento da Covid-19 como a cloroquina. Em janeiro, uma equipe da pasta viajou a Manaus às vésperas do caso no sistema de saúde local e realizou visitas em unidades básicas de saúde.
Segundo documento encaminhado pela Secretaria municipal de Saúde de Manaus, durante as visitas, os funcionários do ministério promoveram o uso de cloroquina e ivermectina para o tratamento da Covid-19. Cientistas já descartaram os dois medicamentos no combate à doença.
No ofício encaminhado nesta segunda-feira ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, o MPF quer saber a quantidade exata de funcionários que fizeram parte da excursão. Os procuradores também querem saber quanto a viagem custou no total, incluindo passagens, hospedagens e outros gastos.
É o terceiro ofício encaminhado pelo MPF à pasta pedindo essas informações. O primeiro foi no dia 8 de fevereiro. Desde então, o ministério pediu mais prazo para responder devido ao caos provocado pelo recrudescimento da pandemia.
No segundo caso, o MPF pediu informações ao Ministério da Saúde para apurar o que causou o envio equivocado de um lote de 76 mil vacinas para o Amapá, quando, na realidade, elas deveriam ter sido enviadas ao Amazonas.
O caso aconteceu no dia 24 de fevereiro. Na época, o ministério divulgou uma nota admitindo o erro. Somente no dia seguinte as doses chegaram ao seu destino original.
Em um terceiro ofício, a procuradora da República Luciana Loureiro, que conduz as investigações, pediu que o ministro Eduardo Pazuello dê explicações sobre o aplicativo TrateCov, que fazia recomendações para o uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19 como a cloroquina e sobre campanhas publicitárias promovidas pelo governo para a promoção de vacinas.