TRATAMENTO

Cirurgia de safena é perigosa? Especialistas respondem

Apesar de ser relativamente seguro, o procedimento requer todo cuidado

A safenectomia, é um procedimento utilizado para tratar problemas nas veias safenas. Foto - Agência Brasil

A cirurgia de safena, também conhecida como safenectomia, é um procedimento utilizado para tratar problemas nas veias safenas. Apesar de ser relativamente segura, ela requer todo cuidado.

Como já mostrado pelo Mais Goiás, uma dona de casa de 60 anos perdeu uma perna por um suposto erro médico após passar pela safenectomia no dia 6 de fevereiro de 2024, em um hospital de Morrinhos, na Região Sul do Estado. O tratamento, que era para reequilibrar a circulação venosa, se tornou um pesadelo na vida de Maria Helena dos Santos.

O procedimento é muito seguro e bastante eficaz, mas é importante que os pacientes estejam cientes sobre todos os riscos e benefícios da cirurgia. O cirurgião vascular é o especialista responsável pela realização do procedimento e o Mais Goiás conversou com alguns profissionais para sanar dúvidas e esclarecer se, de fato, é perigoso ou não fazer o procedimento.

O que é a cirurgia de safena?

As veias safenas são veias muito importantes para a circulação e retorno sanguíneo nas pernas. Temos uma safena na frente (veia safena magna) e uma safena atrás, na panturrilha (veia safena parva) em cada perna.

A cirurgia de safena consiste na exclusão desse vaso da circulação, seja pela sua extração (retirada), pela ablação química (espuma) ou térmica (endolaser ou radiofrequência).

Como é feita?

Geralmente através de dois cortes. Um próximo ao tornozelo, onde a veia começa, e por onde passamos um fio metálico (fleboextrator), que é inserido até a virilha; e um segundo corte, identificando e seccionando a safena, separando-a da veia femoral.

Outras técnicas são a escleroterapia com espuma densa, em que é feita uma esclerose química da veia, geralmente em ambiente de consultório, e a termoablação a laser ou radiofrequência, passando-se uma fibra específica por dentro da safena por uma punção guiada por ultrassom.

Quando é indicada?

Quando esses vasos não conseguem cumprir sua função básica, culminando sobrecarga da circulação nas pernas e dificuldade para realizar o retorno venoso, causando varizes, dor e edema nas pernas. O objetivo de seu tratamento é reequilibrar a circulação venosa.

Podemos retirar as veias safenas também para utilizá-las como substitutos arteriais em revascularizações cardíacas e de outros vasos do corpo (pontes de safena).

Como é o pós-operatório?

Depende da técnica escolhida, da quantidade de varizes tratadas e das características do próprio paciente, como comorbidades e tolerância a dor. A cirurgia tradicional geralmente requer um repouso maior, em média de duas semanas, e pode seguir com hematomas e maior desconforto no curto prazo.

As técnicas de ablação química ou térmica (espuma e laser) tem menor tempo de recuperação e, em alguns casos, podem ser feitas, até mesmo, no consultório, sem necessidade de repouso ou internação.

Quais os riscos?

A cirurgia das safenas é relativamente segura. Uma equipe especialista, devidamente habilitada e experiente pode ajudar a avaliar os riscos e benefícios de cada procedimento.

Como as safenas percorrem um longo trajeto nos membros inferiores e têm inúmeras relações anatômicas, alguns riscos devem ser levados em conta, tais como: reações alérgicas ou anestésicas, dor, infecção, hematomas, hemorragias, manchas na pele, lesões de nervos ou artérias, trombose dos membros, embolia pulmonar dentre outras menos comuns.

A cirurgia é mais perigosa em mulheres?

Importante não relacionar com os pormenores de cirurgias cardíacas, que seria outro assunto mais abrangente. As causas das complicações nas feridas da perna após dissecação da veia safena para procedimentos de revascularização são multifatoriais e o gênero feminino é identificado como indicador independente.

Para minimizar complicações, recomendamos avaliação vascular pré-operatória rigorosa e técnica cirúrgica apropriada.

O Mais Goiás ouviu diferentes cirurgiões, sendo eles: Felipe Mendonça (Coordenador do serviço Endovascular do Hospital das Clínicas HC UFG); Juliano Santos (Presidente da SBACV Regional GO) e Kalley Cavalcante (Chefe da disciplina de Cirurgia Vascular do HC UFG).