Sequestrada e levada para a França ainda bebê, jovem encontra família biológica no Brasil
Isabella dos Santos encontrou sua família biológica depois de ter sido sequestrada ainda bebê, em…
Isabella dos Santos encontrou sua família biológica depois de ter sido sequestrada ainda bebê, em São Paulo e vendida no mercado de adoções ilegais para uma família francesa. Ela saiu de Paris aos 25 anos para achar a família de sua mãe biológica, que foi assassinada três anos depois de seu nascimento.
Batizada com o nome de Charlotte Merryl Cohen-Tenoudji pelos pais adotivos, ela conta que nunca teve momentos felizes. “Nunca tive natais felizes com irmãos, tios, avós que pudessem me contar memórias de família. Sou muito grata por ter encontrado minha mãe e, ao mesmo tempo triste porque, quando a achei, ela já não podia estar comigo. Mas quero estreitar laços com a minha família verdadeira e resolver questões com meu pai biológico ” diz Isabella, em entrevista ao jornal O Globo.
Isabella foi vendida com dois meses de vida para uma família de alcoólatras que não tinham condições psicológicas nem oficiais de acolher um bebê. Ela conta que sentia medo e abandono constantes, e após abusos e agressões, seus pais perderam o poder familiar e ela foi dirigida a um abrigo público. Hoje, aos 34 anos é formada em cinema e letras pela Universidade de Sorbonne e fala quatro idiomas.
Sequestrada e vendida por 15 mil euros
Isabella teria sido vendida por 15 mil euros. O modus operandi teria sido registrá-la em nome de uma “mãe laranja” como gêmea de outra criança, o que o que permitia o envio de dois bebês de uma só vez. Os pais adotivos conseguiram registrá-la legalmente na França, cinco anos depois que ela chegou.
De acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos de 2020 a outubro de 2021 foram denunciados 200 casos de tráfico de crianças e adolescentes, 42 deles ligados à adoção ilegal.
Teste de DNA
Em 2018, Isabella fez um teste de DNA que comprovou que sua mãe era Jacira Lima dos Santos. A mulher trabalhava como empregada doméstica na casa do casal que a vendeu e a enviou para a França. O assassinato de Jacira, em 1991, aos 25 anos nunca foi totalmente esclarecido.
A jovem suspeita sobre a identidade do pai biológico, mas, em razão de um processo judicial, deve manter sigilo até que os filhos do suposto pai, que foi cremado, aceitem fazer o teste de DNA. “A minha última meta, depois de conseguir confirmar na Justiça o nome do meu pai, é ter uma nova certidão de nascimento” afirma a jovem que usa socialmente o nome de batismo original até que seus documentos sejam oficializados.