Sequestrador de Wellington Camargo clama a Deus por ‘tanto sofrimento’ na cadeia
O sequestrador de Wellington José de Camargo, irmão de Zezé di Camargo, vem escrevendo diversas…
O sequestrador de Wellington José de Camargo, irmão de Zezé di Camargo, vem escrevendo diversas petições dentro da cadeia e clama para Deus por “tanto sofrimento” que vem suportando no lugar. Ele está detido na Penitenciária 1 de Avaré, que é um forte reduto do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Moacir Francisco Oliveira, de 61 anos, foi condenado a 119 anos de prisão por um série de sequestros e roubos. Nas petições encaminhadas à Vara das Execuções da Capital, ele pede a unificação das penas e menciona que está preso há uma eternidade e argumenta que só tendo Deus no coração para suportar tanto sofrimento.
Ele está preso na P-1 de Avaré desde 24 de março de 2007. Essa é a segunda passagem de Moacir na unidade prisional. A primeira aconteceu em 2 de abril de 1991, após ser transferido da Penitenciária Central de Piraquara (PR).
Pouco mais de quatro anos depois, ele foi removido de Avaré para a Penitenciária 2 de Hortolândia (SP). Ele fugiu do presídio em 9 de fevereiro de 1996. Em março de 1999, ele voltou a ser preso em Campo Grande (MS), dessa vez, pelo sequestro do cantor gospel.
Moacir era apontado por policiais de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais como o integrante mais violento do chamado clã dos Oliveira. A família era responsável por sequestros, homicídios, roubos a bancos e até ataques a carros-fortes.
Sequestrador era frio e violento
Moacir foi quem teria cortado parte da orelha de Wellington e mandado parte do órgão para pressionar a família a pagar o resgate. Além disso, pedaços da orelha da vítima foram deixados na porta de uma emissora de televisão goiana.
O sequestro do irmão de Zezé Di Camargo ocorreu em 16 de dezembro de 1998, em Goiânia. Entretanto, o crime começou a ser planejado oito meses antes por Moacir e os irmãos José Francisco de Oliveira e Ademir Francisco de Oliveira, na Chácara Quinta dos Sonhos, em Abadia de Goiás, que foi adquirida em novembro de 1997.
A ideia do sequestro partiu após uma entrevista do sertanejo ao Domingo Legal, no SBT, que declarou que o Wellington, que é cadeirante, era como se fosse um filho para ele.
Nesse meio tempo, o grupo construiu muros altos na frente e nas laterais da chácara. Eles também instalaram portão eletrônico e fizeram um barracão de dois cômodos e um banheiro no fundo da propriedade. Para despistar a polícia, os criminosos ainda adquiriram vários telefones em nomes de terceiros para se comunicarem.
Eles ainda roubaram um veículo para sequestrar a vítima. Desde o início, o grupo levantaram todos os dados da vida de Wellington, como local de trabalho, horário que estava em casa e os lugares que frequentava.
Quase 100 dias no cativeiro
No dia do sequestro, a vítima foi seguida o dia todo e foi raptada por volta das 21h45. A quadrilha estava bem armada, com fuzil, metralhadora e pistola para invadir a casa do cantor gospel e dominar ele, a esposa e uma amigo da família. O grupo disse que, a principio, tudo era um assalto.
Porém, em seguida, anunciaram o sequestro e pediram US$ 5 milhões no resgate. Além dos irmãos Oliveira, outras sete pessoas também participaram da ação. O bando utilizava pseudônimos para fazer contato com os parentes da vítima.
Segundo a polícia, a quadrilha ficou irritada com a intransigência da família Camargo nas negociações do pagamento do resgate. Dessa forma, o grupo decidiu amordaçar Wellington e Moacir cortou a orelha do cantor com um faca de cozinha.
Em 19 de março de 1999, os sequestradores concordaram em reduzir o resgate para US$ 300 mil dólares e os familiares pagaram a quantia no mesmo dia. O cantor gospel foi liberado dois dias depois em um matagal em Guapó, cidade próxima ao esconderijo.
Wellington, que é paraplégico, se arrastou até chegar às margens da estrada onde foi encontrado pelos irmãos Donizete Vieira e Aparecido Vieira, que passavam de moto pelo local. No total, o cantor ficou 94 dias no cativeiro e passou por um grande trauma, além de sofrimentos físicos.
A polícia realizou o rastreio de ligações telefônicas e prendeu sete integrantes do grupo dias depois. Eles foram condenados. Moacir recebeu pena de 40 anos e 10 meses. José foi preso por 41 anos e oito meses. Ademir não foi julgado por estava foragido.
Ele foi capturado em janeiro de 2001 em Sumaré por policiais civis e militares de Campinas. Porém, em maio do mesmo ano, ele foi encontrado enforcado em um cela da Penitenciária de Ribeirão Preto.
Família de Moacir tem histórico de crimes
A família de Moacir tem grande histórico de crime. Ele iniciou na carreira criminosa em 1984. A quadrilha dos Oliveira era composta por 27 pessoas, incluindo os pais, irmãos e suas respectivas esposas, cunhados, primos e sobrinhos.
Em 1976, o pai de Moacir, Quintino Francisco de Oliveira esfaqueou um açougueiro. Policiais civis tentaram desarmá-lo após o crime, mas ele resistiu à prisão e acabou morto por um delegado. Os filhos prometeram vingança pela morte do pai.
O delegado escapou de quatro atentados, mas perdeu um neto de apenas 11 meses na ação. Porém, ele morreu no quinto ataque, onde foi atingido por vários tiros desferidos por José.
A mãe deles, Oda Ferreira de Oliveira, também ostentava uma ficha criminal. Ela foi condenada por um roubo a banco praticando em 1985. A mulher tinha 63 anos quando foi acusada pelo crime, mas morreu um ano depois.
Osmar, outo irmão de Moacir, foi morto em 1991 após sequestrar um empresário em Maringá (PR) e confrontar com a polícia.
Um ano depois, outro irmão dele, Wilson Francisco de Oliveira, foi morto em outro tiroteio com policiais. Em 1993, Joaquim Oliveira estava preso na Penitenciária Central de Piraquara e liderou uma rebelião; acabou morto por policias.
Ozélio Francisco, que também integrava o clã Oliveira, estava preso em Piraquara. Ele fugiu do local em setembro de 2018. Em janeiro deste ano, ele e outros quatro comparsas foram mortos em confronto com policiais militares de São José dos Pinhais (PR).
*Com informações do g1