PCC

Sequestrador é ‘campeão’ em condenações do PCC, com pena de 705 anos

Andinho pode chegar à pena de 750 anos de prisão caso sofra novas condenações de processos em curso

O sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, 42, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), é apontado por policiais civis de São Paulo como um dos presos com maior tempo de condenação no Brasil. A pena dele é de 705 anos, mas pode aumentar para 750 ainda em 2020.

Segundo investigadores, Andinho é o “campeão” em condenações entre a liderança do PCC, e a ficha criminal dele tem 50 metros de extensão.

Caso fosse colocada no gramado de um estádio no Brasil dos padrões Fifa (Federação Internacional de Futebol) de 105 metros de comprimento, ela se estenderia de uma das traves até o meio de campo.

Nem os policiais militares acusados pelo massacre de 111 presos na Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, em outubro de 1992, que foram condenados a 624 anos e depois tiveram o julgamento anulado pelo Tribunal de Justiça, receberam uma pena tão alta quanto às acumuladas pelo sequestrador.

Andinho já foi condenado — entre outros crimes — por 12 sequestros em Campinas (SP) e por ter mandado jogar granadas em um jornal na mesma cidade.

Assassinatos disfarçados de latrocínio — esse era o plano

Ele vai ser julgado este ano em mais dois processos. Um tramita na 1ª Vara Criminal de Presidente Venceslau (SP). A acusação é de ter recrutado, de dentro da prisão, integrantes do PCC nas ruas para matar agentes penitenciários, policiais civis e militares, e outras autoridades.

Segundo o Ministério Público Estadual, além de Andinho participaram desse plano, em junho de 2016, os presos Fábio de Oliveira Souza, o Boy, e Hamilton Luiz Pereira, o Hidropônico. Os três estavam presos à época na Penitenciária 2 de Venceslau.

Investigadores apuraram que o plano de Andinho e sua turma era matar os agentes públicos, mas simulando crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), para desvincular a possível acusação de atentado.

Em julho, o juiz Gabriel Medeiros condenou Hidropônico a 12 anos de prisão por associação à organização criminosa. O processo de Andinho e de Fábio Oliveira foi desmembrado. Ambos devem ser julgados pelo mesmo juiz nos próximos dias.

Carros-bomba em centros financeiros do país

O outro processo contra Andinho corre na Justiça Federal de Rondônia. Ele e os presos Roberto Soriano, 47, o Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, 45, o Vida Loka, todos da alta cúpula do PCC, são acusados de planejar atentados terroristas e assassinatos de agentes públicos.

Segundo a Polícia Federal os três cumpriam pena na Penitenciária Federal de Porto Velho no início de 2018, quando planejaram colocar um carro-bomba no estacionamento do Depen (Departamento Penitenciário Nacional).

Agentes federais apuraram que os três líderes do PCC também ameaçaram colocar outros carros-bomba carregados com explosivos C-4 em centros financeiros de cinco capitais brasileiras, caso suas 10 reivindicações não fossem atendidas nos presídios federais.

Eles reivindicaram visita social de cinco horas; visita íntima semanal de três horas; fim da visita em parlatório para parentes de segundo grau; banho de sol de duas horas fora da cela (solário) para presos no castigo e visita virtual quinzenal de duas horas.

Eles queriam ainda prazo máximo de dois anos de permanência em presídio federal; direito a progressão de regime no sistema penitenciário federal; tratamento com dignidade, sem opressão nem agressão física; um aparelho de rádio e outro de TV por cela; ensino superior e comparecimento frequente no presídio de um juiz-corregedor.

Advogados afirmam que clientes são inocentes

Os federais apuraram que além dos ataques terroristas, o plano dos presos era sequestrar e torturar agentes penitenciários para usá-los como moeda de troca na libertação de líderes do PCC.

Andinho, Tiriça e Vida Loka foram denunciados à Justiça Federal pelo crime de associação à organização criminosa. Policiais federais disseram ao UOL que a sentença vai ser prolatada ainda este ano.

Advogados dos presos afirmaram à reportagem que as acusações contra seus clientes são meras ilações, sem fundamentação, e que a inocência de todos eles será provada oportunamente. Em depoimentos à Justiça, os detentos citados acima negaram integrar o crime organizado e também o planejamento de atentados terroristas e assassinatos de agentes públicos.