Situação de Goiás não é diferente do Brasil, que enfrenta epidemia de sífilis, alerta SES
Apesar de estar abaixo da média nacional em diagnósticos da doença, novas ações são pensadas para evitar aumento de casos
Mesmo com preservativos disponíveis de forma gratuita em postos de saúde e com tratamento existente, o número de casos de sífilis diagnosticados no Brasil aumentou 32,7% entre 2014 e 2015, os registros em gestantes subiram 20,9% e a sífilis congênita, a de bebês nascidos com a doença, cresceu 19%. A sífilis é uma doença infecciosa que pode ser transmitida sexualmente ou de mãe para filho na gestação (congênita) e que pode gerar malformação em bebês.
“A situação de Goiás não é diferente do Brasil”, alerta a coordenadora de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DSTs e Aids) da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Milca de Freitas Queiroz Prado. O Estado ainda vive uma situação de número de casos abaixo da média nacional, que é de 42,7 diagnósticos a cada 100 mil habitantes, 11,2 a cada mil gestantes e 6,5 a cada mil bebês que nascem, os nascidos vivos.
Pelos números do Ministério da Saúde, Goiás aparece em 18º lugar no número de registro de casos de sífilis, com 19,2 diagnósticos para cada 100 mil habitantes em 2015. De acordo com a SES, houve diagnóstico de 2,75 bebês com sífilis congênita, passada de mãe para a criança, a cada mil nascimentos, e 10,5 grávidas com a doença a cada mil registros de gravidez. Até 30 de junho de 2016, a taxa de sífilis congênita era de 1,17 a cada mil bebês nascidos. O Rio Grande do Sul lidera essa lista negativa com 111,5 casos de sífilis a cada 100 mil habitantes no ano passado.
Desde 2010 o Ministério da Saúde transformou em obrigatória a notificação dos casos diagnosticados em todo o País. A partir dessas informações, na semana passada o órgão admitiu que o Brasil vive uma epidemia de sífilis. Uma das medidas que a pasta quer incentivar é a detecção e o tratamento da doença desde o início do pré-natal da gestante e do parceiro dela. A pasta percebeu que a maioria dos casos é detectada entre o segundo e o terceiro trimestre de gravidez.
No Centro-Oeste, 33,7% dos diagnósticos são feitos no do quarto ao sexto mês de gestação, 32% do sétimo ao nono mês e 28,6% nos primeiros três meses. Em nenhuma das regiões brasileiras há registro de detecção da sífilis no período pré-natal, o que o Ministério da Saúde quer incentivar.
“Nós precisamos, no planejamento, pensar em algumas ações prioritárias como a instituição dos comitês investigação dos casos de sífilis, fortalecer a testagem no pré-natal e o tratamento do parceiro”, explicou a coordenadora de DSTs e Aids da SES. De acordo com Milca, de nada adianta tratar a gestante diagnosticada com a doença e não acompanhar o homem, porque essa mulher pode voltar a ter sífilis depois do tratamento.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia divulgou que em 2014 foram diagnosticados 257 gestantes com a doença e 76 bebês nasceram com sífilis. Em 2015, os casos notificados chegaram a 204 em gestantes e 79 de sífilis congênita. Até agosto deste ano, foram registrados na capital 120 gestantes com a doença e 67 nascimentos com sífilis.
Tratamento
O Ministério da Saúde divulgou que apenas 55% utilizavam a penicilina benzatina, medicamento para tratamento da sífilis na atenção básica à saúde, em 2015. Goiás, de acordo com a SES, está entre os Estados que usam o medicamento e a penicilina cristalina, capaz de chegar até o bebê no útero da mãe.
A SMS também divulgou que todas as unidades de saúde da capital oferecem o exame gratuito da doença. O Ministério da Saúde definiu que pretende capacitar mais profissionais de saúde, acompanhados de um enfermeiro, que possam realizar o teste.
“A testagem é importante, porque a sífilis é uma doença que tem cura e é de fácil tratamento.” Milca explicou que o problema da sífilis é que sua manifestação pode passar por períodos sintomáticos, ou seja, nos quais a doença se manifesta e outros em que ela não parece estar presente. “É importante fazer o diagnóstico”, observou.
A coordenadora de DSTs e Aids da SES lembrou que o preservativo deve ser lembrado sempre pra evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis. “Mas é um fato que há algum tempo, apesar de a população saber da importância do uso do preservativo, o nível de adesão a ele é menor a 50%.”
Em Goiás
De acordo com a SES, em 2015 foram registrados 274 casos de bebês com sífilis e 1.048 gestantes com a doença. Neste ano, até 30 de junho, já são 448 gestantes com a doença diagnosticada e 117 bebês com sífilis congênita.