Somente inflação baixa e estável protege nível de renda, diz Berriel em sabatina
Segundo o diretor indicado, tanto a estabilização econômica quanto a retomada da confiança estão em consonância com o cumprimento da missão institucional do Banco Central
O indicado para a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tiago Couto Berriel, afirmou nesta terça-feira, 5, que os ajustes em curso na economia, principalmente na área fiscal, “têm todo o potencial de continuar reduzindo as incertezas na economia, com queda do risco Brasil e melhora na confiança”. “Com isso, tais medidas irão contribuir para que a política monetária tenha toda a força e eficiência no cumprimento de seus objetivos”, afirmou Berriel durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Ele também destacou que somente a inflação baixa e estável protege o nível de renda do brasileiro.
O economista afirmou também que espera ajudar o BC “no diagnóstico e tratamento desses e de outros riscos relevantes para as nossas políticas, assim como auxiliar na condução da política monetária para a convergência da inflação ao centro da meta”.
O indicado se disse honrado pelo convite e afirmou que, caso receba o voto de confiança da comissão, estará “integralmente empenhado” em contribuir para a execução da política monetária e financeira. “Assim, poderei contribuir para o processo de estabilização econômica no Brasil, com a recuperação da confiança perante os agentes econômicos que, por sua vez, pavimentará o caminho para a retomada do crescimento sustentável de nossa economia”, disse Berriel.
Segundo o diretor indicado, tanto a estabilização econômica quanto a retomada da confiança estão em consonância com o cumprimento da missão institucional do Banco Central, que consiste em “assegurar a estabilidade do poder de compra da nossa moeda e propiciar um sistema financeiro sólido e eficiente”.
“Somente uma inflação baixa e estável protege o nível de renda, em especial da parcela mais vulnerável da sociedade que recebe rendimentos fixos em termos nominais, mantém eficazes as políticas de redução de desigualdade e proteção social, e viabiliza o planejamento para a consecução dos investimentos, tão necessários para o desenvolvimento socioeconômico sustentável de nosso País”, defendeu o economista.
Berriel mencionou que o arcabouço institucional que orienta a condução da política monetária no Brasil tem como diretriz o regime de metas de inflação. “É fundamental que o Banco Central consolide e aprofunde a transparência e a objetividade em sua comunicação com a sociedade. Dessa forma, o Banco Central do Brasil estará capitaneando as expectativas da sociedade a fim de atingir seus objetivos com o menor custo possível”, disse.
O diretor indicado citou ainda as incertezas internacionais, entre elas dúvidas sobre a trajetória da economia global, os desdobramentos do processo de normalização da política monetária dos Estados Unidos e as consequências do processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), conhecido como Brexit. Em relação à política de juros nos EUA, uma mudança inesperada no ritmo de aumento na taxa de juros teria “impacto relevante” sobre a liquidez e o fluxo de capitais para países emergentes, destacou Berriel.
“Além disso, a moderação e a mudança de perfil no crescimento da economia chinesa tendem a provocar significativas implicações sobre as economias de nossa região, inclusive a economia brasileira, com impactos nos investimentos e nos termos de troca entre outras variáveis”, disse.