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STF derruba lei que proíbe linguagem neutra em escolas

Corte entende que texto viola competência da União para editar normas gerais sobre diretrizes da educação

Moraes suspende leis que proíbem ensino de linguagem neutra em Águas Lindas e Ibirité (MG) (Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil)

O plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional uma lei do estado de Rondônia que proíbe o uso de linguagem neutra em instituições de ensino e editais de concursos públicos.

O assunto foi objeto de uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) julgada em sessão virtual na última sexta-feira (10).

Por unanimidade, a Corte entendeu que a lei de Rondônia viola a competência legislativa da União para editar normas gerais sobre diretrizes e bases da educação.

Os ministros do STF não analisaram se a linguagem fere ou não a Constituição, apenas se o estado poderia legislar sobre o tema.

A ação de inconstitucionalidade foi apresentada pela Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino).

Para a entidade, a lei estadual reúne preconceitos e intolerâncias incompatíveis com a ordem democrática e os valores humanos. Nas redes sociais, a Contee chamou de “vitória” o resultado do julgamento do STF.

A norma havia sido suspensa em novembro de 2021 por uma liminar deferida na Corte pelo relator, o ministro Edson Fachin.

Agora, em voto no mérito, Fachin considerou que os estados têm competência concorrente para legislar sobre educação, mas devem obedecer as normas gerais editadas pela União.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação engloba regras que tratam de currículos, conteúdos programáticos, metodologia de ensino ou modo de exercício da atividade docente.

“No âmbito da competência concorrente, cabe à União estabelecer regras minimamente homogêneas em todo território nacional”, afirmou o relator.

A denominada linguagem neutra surgiu com a intenção de representar pessoas não binárias, que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino.

Seu uso ganhou espaço em ambientes como as redes sociais. Por essa linguagem, a palavra “todos”, por exemplo, pode ser substituída por “todes“. Em vez dos tradicionais “ele”, “ela”, “dele” e “dela”, podem ser utilizados pronomes como “ile”, “dile”, “elu” e “delu”.