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Suicídio é a principal causa de morte de policiais em São Paulo

Entre 2017 e 2018, 17 policiais civis do estado de São Paulo tiraram a própria…

Entre 2017 e 2018, 17 policiais civis do estado de São Paulo tiraram a própria vida. A taxa de suicídios entre policiais é seis vezes maior do que a taxa dos mortos em serviço (5 a cada 100 mil). Os dados foram divulgados pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo na manhã desta quarta-feira (25), com o objetivo de que haja políticas de segurança pública que reduzam o índice.

Tendo em vista um efetivo de 28 mil pessoas na corporação, trata-se de uma taxa de 30,3 a cada 100 mil policiais. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), quando se atinge uma taxa de 10 a cada 100 mil, trata-se de uma situação epidêmica. Ou seja, a taxa de suicídio na corporação é três vezes maior do que a aceitável pela OMS.

Apesar do alto índice, a Polícia Civil não tem programa nem suporte para a saúde mental, segundo o ouvidor Benedito Mariano. “Precisa começar do zero na Polícia Civil. O sucateamento dialoga com o estresse do policial, porque tem que fazer o serviço de dois ou três. Existe uma negligência com relação à saúde mental dos policiais civis de São Paulo”, disse.

Benedito Domingos Mariano, ouvidor da Polícia de São Paulo. Taxa de suicídio na PC é três vezes maior que a aceitável pela OMS (Foto: Rafael Roncato/UOL)

Causas

Segundo o ouvidor, existem sete causas principais para os suicídios dos policiais. “Sempre vai ser mais que uma motivação. Se o estresse é uma das causas, precisa ter programa de saúde mental. Também há transtornos pós traumas, ou de enfrentamentos ou de acidentes, falta de suporte à saúde mental, depressão ou adoecimento mental, conflitos institucionais, conflitos familiares e problemas financeiros, além do isolamento social, rigidez e introspecção.”

“O policial é treinado para ser guerreiro e forte. Esse preconceito contribui para que o policial não procure ajuda, se isole”, afirmou o ouvidor. Em 85% dos casos de suicídios, o instrumento utilizado pelo policial foi a arma de fogo. “Para ele não perder a arma, com que ele faz bico em hora extra, ele deixa de procurar ajuda psíquica, é um outro problema encontrado”, complementou.

Rogério Giannini, presidente do CFP (Conselho Federal de Psicologia), afirmou que o índice da Polícia Civil é “alarmante”. “Se a gente olhar na sociedade como um todo, a gente diria que há um sintoma que mostra que algo não está indo bem. E a polícia faz parte desse sintoma”, pontuou.

*Com informações do UOL