O pastor Silas Malafaia foi alvo de mandado cumprido pela Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira (16), por suspeita de lavagem de dinheiro. O líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo foi conduzido coercitivamente depois que investigações apontaram que ele teria emprestado contas correntes da instituição religiosa com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores relativos a um esquema de corrupção.
A operação da PF, intitulada Timóteo, tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa investigada por um esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. Por lei, 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) tem como destino os municípios.
As ações estão sendo desencadeadas em Goiás e outros 10 Estados, além do Distrito Federal. Cerca de 300 policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão em 52 diferentes endereços relacionados com o grupo criminoso. Além das buscas, os policiais também cumprem, por determinação da Justiça Federal, 29 conduções coercitivas, 4 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de 3 imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões.
Investigações
A Operação Timóteo começou em 2015, quando a Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties. Apenas esta autoridade pública pode ter recebido valores que ultrapassam os R$ 7 milhões.
Segundo a PF, as provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava o esquema em que esse diretor oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral. Além de Goiás, os mandados estão sendo cumpridos nas seguintes unidades da federação: BA, DF, MT, MG, PA, PR, RJ, RS, SC, SE e TO.
Até onde a Polícia Federal conseguiu mapear, a organização criminosa investigada se dividia em ao menos quatro grandes núcleos: o núcleo captador, formado por um Diretor do DNPM e sua esposa, que realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do Diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.
O nome da operação é referência a uma passagem do livro Timóteo, da Bíblia Cristã: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição”.