A Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar), apresentou hoje (16) dois motoristas acusados de integrar uma organização criminosa especializada em roubo de cargas. Uelson Marques Faria de Oliveira, 31 anos, e Luiz José Venâncio, 41, são acusados de desviar um carregamento de produtos diversos, no valor de R$ 800 mil, e uma carga de azeite, no valor de R$ 500 mil, da rede de hipermercados Walmart, no mês de dezembro do ano passado.
Com a prisão dos dois indivíduos, realizada na última semana, nos dias 12 e 13, em Goiânia, a polícia conseguiu identificar alguns líderes da organização, que tem ramificações nos estados do Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraíba. Donos de donos de grandes supermercados também foram identificados e a polícia suspeita deles serem os receptadores das cargas.
Os dois suspeitos serão indiciados por furto mediante fraude, associação criminosa e falsificação de documento público, podendo pegar até 22 anos de prisão.
Casos semelhantes
Após os roubos serem comunicados à Decar, chamou a atenção da polícia a proximidade do registro dos boletins de ocorrência e a semelhança dos relatos. Os dois acusados afirmaram que pernoitavam em postos de combustíveis, Uelson na cidade de Feira de Santana/BA, no dia 2 de dezembro, e Luiz em João Pessoa/PB, no dia 20, quando foram abordados por organizações criminosas especializadas em roubos de carga e sequestrados. Os relatos dão conta, ainda, que foram libertados na cidade de Aracaju/SE, onde teriam sido registrados os falsos boletins de ocorrência.
De acordo com o titular da Decar, delegado Alexandre Bruno de Barros, quando foram realizadas as diligências ficou constatado que os registros eram falsos. “Eles simularam o roubo da carga e o sequestro e, em seguida, confeccionam os boletins, com base em registos encontrados na internet, alguns feitos de forma grosseira”, afirmou Alexandre. Apesar da semelhança dos relatos, Uelson alega que não conhece Luiz, mas a polícia acredita que os dois sejam parceiros.
Novas técnicas
Ainda de acordo com o delegado, devido ao trabalho realizado pela Polícia Civil, o roubo de cargas teve uma queda vertiginosa no estado de Goiás no último ano, o que levou algumas organizações criminosas a criar novas formas de agir em relação a roubo e furto de cargas. “As organizações passaram a cooptar motoristas que trabalham de forma lícita em mais de uma unidade da federação e, ao invés de entregarem a carga para os clientes que pagaram por elas, repassam a receptadores em outros estados”, afirma.
Segundo delegado, eles aceitam facilmente participar do crime, pois o valor normal que recebem pelo transporte de uma carga não passa de R$ 3 mil, e dependendo do valor da carga, os caminhoneiros recebem entre R$ 10 e 20 mil para participarem do delito.