Tarcísio de Freitas: Empresários insuflaram caminhoneiros nos atos de 7 de setembro
Tarcísio de Freitas monitora caminhoneiros em grupos de Whatsapp, mas não detectou o acirramento dos protestos em sete de setembro.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ganhou fama no mercado financeiro coordenando o programa de concessões de portos e aeroportos do governo federal. Mas sua função mais sensível no governo é monitorar os movimentos de caminhoneiros, base fiel do presidente Jair Bolsonaro.
Diariamente, ele e sua equipe acompanham mais de 40 grupos de WhatsApp de motoristas de todo o Brasil, mas mesmo assim não conseguiram detectar o acirramento dos ânimos que quase levou grupos de motoristas a ameaçar parar as estradas brasileiras no 7 de setembro em protesto contra o STF.
Tarcísio diz que isso ocorreu porque os motoristas foram insuflados por empresários do agronegócio e de transportes. “Não foi um movimento de caminhoneiros, mas político. Tinha outros agentes usando caminhão, como empresários de transporte e do agronegócio”, afirmou o ministro. Tanto Bolsonaro como Tarcísio tiveram que gravar vídeos pedindo que os motoristas suspendessem a paralisação.
O ministro adiantou que o “bônus caminhoneiro”, que vai subsidiar a troca dos veículos velhos por novos, poderá ser financiado por recursos da Petrobras. Mas afirmou que a redução do número de caminhões nas estradas só vai se dar quando o Brasil de fato conseguir trocar as rodovias pelas ferrovias como eixo da matriz de transportes.
Caso raro de quadro bolsonarista que veio das gestões Dilma e Temer, Tarcísio angariou tanto prestígio com o presidente da República e seus aliados que vem sendo cotado para disputar vários postos diferentes em 2022 – de governador de São Paulo a vice de Jair Bolsonaro na disputa pela reeleição. No podcast, o ministro sugere mirar o Senado. “O parlamento é bom, dá para voltar ao governo em um eventual segundo mandato”, explica.
Tarcísio de Freitas tem obras a entregar
Por ora, Tarcísio tem um desafio mais urgente: cumprir o cronograma de obras prometido em 2019. Ele já fez 74 leilões até agora, mas ainda não tem certeza se poderá realizar o “favorito”: a ferrovia Ferrogrão, que ligaria o Mato Grosso ao Pará.
Hoje, o projeto está suspenso por liminar do ministro do STF Alexandre de Moraes –fustigado por Bolsonaro nos atos de 7 de setembro, de que o próprio Tarcísio participou. Mas ele não se abala: “Temos bons argumentos jurídicos e um bom Direito do nosso lado. acredito que é possível construir uma situação de sensibilidade com o Supremo.”
O ministro, que voltou recentemente de uma rodada de reuniões com investidores em Nova York, diz que não identificou preocupação com as ofensivas de Bolsonaro contra os instituições ou a democracia, mas sim com continuidade dos programas de concessão. Numa declaração rara para um bolsonarista, ele diz que uma eventual transição de Lula para Bolsonaro não mudaria o rumo do programa. E garante que os contratos firmados sob o atual governo terão continuidade numa administração Lula.