SÃO PAULO

Tarcísio recusa entrevista, sabatina e debate e já anuncia até secretário de governo

Candidato ao Governo de SP cita agendas para justificar cancelamento de eventos

Aliados de Tarcísio acusam integrante de campanha de Bolsonaro de ‘fogo amigo’ (Foto: Alan Santos - PR)

O candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) desistiu de participar de debates e entrevistas durante o segundo turno das eleições ao Governo de São Paulo.

Ao menos quatro compromissos para a reta final das eleições não devem contar com a participação de Tarcísio. Neste segundo turno, o bolsonarista participou apenas do primeiro debate previsto.

O candidato lidera a eleição com 50% das intenções de voto. Fernando Haddad (PT) tem 40%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no dia 7.

Na dianteira, ele já tem até citado possíveis secretários de governo e foi chamado de arrogante por petistas.

O bolsonarista deve participar do último debate previsto, na TV Globo, em 27 de outubro.

Em nota, a assessoria do candidato diz que debates e sabatinas “tiveram de ser cancelados por motivos de agenda”.

A Folha apurou que, na avaliação da campanha de Tarcísio, os debates e as sabatinas terão menor força na hora de virar votos e, nesta reta final do segundo turno, o candidato deverá investir em comícios e caminhadas na capital e no interior paulista.

“A prioridade da campanha, como tem sido até aqui, é olho no olho com o eleitor. Seja no corpo a corpo [caminhadas e carreatas], em comícios e pelas redes socais”, disse Felício Ramuth (PSD), vice na chapa de Tarcísio.

Na nota, enviada pela assessoria, a equipe expressa que é “preciso cumprir uma série de compromissos tendo como prioridade estar perto das pessoas e ouvir as necessidades apresentadas para o estado”.

Há resistência por parte da campanha do bolsonarista, uma vez que ele se expõe a riscos em momento que está na frente nas pesquisas.

No único debate do segundo turno até aqui, realizado pela TV Bandeirantes na segunda (10), o último bloco incluiu discussão sobre a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), na qual a equipe avaliou que Tarcísio se envolveu desnecessariamente em um assunto espinhoso.

Haddad alçou a Sabesp como “maior patrimônio estatal paulista” e apontou que, com a sua privatização, a conta de água pesará ainda mais no bolso da população.

Ainda na Band, Haddad ironizou o fato de o candidato do Republicanos, natural do Rio de Janeiro, não ter identificação com o estado em que pretende ser governador.

“Você está sabendo o que as crianças estão comendo na escola? É suco e bolacha, ou biscoito como vocês chamam no Rio de Janeiro”, disse.

Na Band, Tarcísio contribuiu, involuntariamente, para esta fama de forasteiro, segundo seus próprios aliados, no momento em que chamou de Campos dos Elíseos o nome do tradicional bairro paulistano Campos Elíseos.

Outra razão para Tarcísio recusar tais convites é o de desviar da rejeição do governo Bolsonaro. Ao longo da campanha, o ex-ministro tem sido associado ao chefe do Executivo que se referiu à pandemia de Covid como uma gripezinha, zombou da população ao imitar um paciente com falta de ar, reduziu investimentos na educação, principalmente nas universidades federais, e introduziu o modelo de emendas de relator.

Na avaliação de petistas que integram a campanha de Haddad, os debates se tornaram um risco para Tarcísio, que memorizou temas do estado, mas sempre há algo que pode fugir do script –como a pergunta sobre onde ele votava, durante sabatina realizada pela TV Vanguarda, afiliada da TV Globo, que gerou um constrangimento e viralizou.

Os petistas afirmam ainda que a ausência atesta falta de preparo e insegurança e opinam que o espaço dado a Haddad para entrevistas pode ser prejudicial para o adversário.

A Rede Record decidiu cancelar o debate que estava marcado para o dia 22 de outubro entre os candidatos que disputam o segundo turno “devido a dificuldades na agenda dos candidatos ao Governo de São Paulo”.

No entanto, a campanha de Haddad afirma que não houve problema de agenda por parte do petista, e que o cancelamento ocorreu exclusivamente em razão da desistência de Tarcísio.

O candidato também não confirmou presença no debate do SBT previsto para a noite de sexta-feira (14). Sem a presença do candidato, deve ser feita uma entrevista de uma hora com Fernando Haddad.

Outro compromisso ao qual Tarcísio não irá é o programa Roda Viva, da TV Cultura, com Haddad, previsto para segunda-feira (17).

Segundo a emissora, o evento estava previsto desde o primeiro debate da TV. Na ocasião, as campanhas assinaram o documento com as regras do encontro, que previa quatro blocos em revezamento entre os candidatos, além de mais um bloco com considerações finais.

O quarto evento do qual Tarcísio não irá participar é a sabatina Folha/UOL.

O candidato agora tem sido criticado por já ventilar nomes de possíveis secretários. Ele disse na entrevista ao canal do YouTube Talk Churras que Guilherme Afif Domingos, coordenador de seu plano de governo, é forte nome para compor seu secretariado, mas não indicou qual pasta ele ocuparia.

Sugeriu ainda que a deputada federal Rosana Valle (PL-SP) poderá liderar uma secretaria voltada às mulheres. Na área econômica, o mais cotado para a Fazenda é Samuel Kinoshita, que trabalhou com o ministro Paulo Guedes, enquanto Rafael Benini tende a ir para uma área de infraestrutura. Também citou o ex-deputado Eleuses Paiva para a pasta da Saúde.