Tremores de terra causaram pequenas avarias em imóveis e assustaram moradores na manhã deste domingo (30) em cidades do Recôncavo Baiano, Baixo-sul do estado e até em alguns bairros de Salvador.
O Laboratório de Sismologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) registrou um tremor de 4,6 graus na escala Richter na cidade de Mutuípe a 169 km da capital. Já o Centro Sismológico da USP registrou tremores de 4,2 e 3,7 graus nas cidades de Amargosa e São Miguel das Matas, ambas no Recôncavo Baiano.
“Foi um susto para todo mundo. Aqui na cidade, registramos três tremores em sequência”, afirma o prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT), que diz que não houve registro de feridos, nem de danos físicos de maior proporção na cidade.
A prefeitura recebeu relatos de imóveis que ficaram com rachaduras nas paredes. Equipes da Defesa Civil e da Guarda Municipal foram encaminhadas ao local das ocorrências para avaliar os estragos. Também houve registro de rachaduras em casas na cidade de São Miguel das Matas, que fica próximo a Amargosa.
O técnico agrícola Elizeu Ribeiro, 31, que mora em um sítio na zona rural da cidade, teve uma das paredes de sua casa danificada pelo tremores. Uma rachadura de mais de dois metros se abriu na parede do imóvel, que é antigo e foi construído com tijolos de adobe.
“Eu estava dormindo ainda, quando ouvi um barulho parecendo uma trovoada e senti a terra tremendo. Não sabia se corria ou permanecia na cama. Mas não demorou 40 segundos e passou”, afirma. Ele conta que foram dois tremores na região, separados por um tempo de cerca de 15 minutos.
Em Aratuípe, também no Recôncavo, o tremor derrubou parte de um muro que já estava em mau estado de conservação, em uma área em torno de uma torre de telefonia.
Também houve relatos de pequenos tremores em pelo menos 13 bairros de Salvador, incluindo bairros centrais como Garcia, Lapinha, Barris e bairros mais ao norte da cidade como Cajazeiras e Pituaçu. De acordo com a Defesa Civil municipal, não há registro de feridos ou danos materiais.
Professor da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), o geólogo Carlos Uchôa explica que, assim como outras regiões do Nordeste, o recôncavo baiano é uma área propensa a registrar pequenos tremores de terra.
“É uma região que constantemente registra sismos de baixa magnitude. A maioria é imperceptível, mas alguns podem chegar ao ponto de assustar as pessoas, como aconteceu desta vez”, afirma o professor.
Os terremotos acontecem porque a região possui falhas geológicas formadas há milhões de anos. O acúmulo de energia provoca o deslocamento de blocos rochosos, fazendo com que esta energia seja liberada em pequenos terremotos. Em geral, o epicentro fica em uma profundidade baixa – desta vez, foi a 10 km da superfície.
Os tremores, explica Uchôa, não tem relação com os limites de placas tectônicas, que ficam em uma superfície mais profunda. O território brasileiro fica em cima de uma única placa tectônica, a Sul-Americana. Por isso, o país não registra terremotos de grande intensidade.
O circuito de segurança de um supermercado flagrou o momento em que o tremor derrubou alguns produtos das prateleiras. Assista ao vídeo: