VIOLÊNCIA

Tio suspeito de estuprar e matar menina indígena é achado morto em presídio de MS

Um homem de 34 anos preso pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul suspeito de…

Um homem de 34 anos preso pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul suspeito de participar do estupro coletivo e assassinato da própria sobrinha, Raissa da Silva Cabreira, 11, foi encontrado morto na cela onde estava na Penitenciária Estadual de Dourados (a 233 km de Campo Grande), cidade onde ocorreu o crime, no fim da tarde desta quinta-feira (12). Polícia investiga uma tentativa de estupro semelhante de outra adolescente de 13 anos da mesma aldeia.

Em nota, a Agepen (Agência Estadual da Administração Penitenciária) informou que Elinho Arévalo estava em uma cela separada de outros detentos, na companhia apenas do outro homem detido por suposto envolvimento no crime, de 20 anos. A autarquia, de responsabilidade da gestão Reinaldo Azambuja (PSDB), disse que investigará o caso.

“O procedimento padrão de detentos transferidos à PED pelo crime de estupro é que eles fiquem em uma ala isolada dos demais, até o momento de passarem para o convívio dos outros detentos, mediante avaliação e autorização da superintendência”, diz o texto.

Segundo a polícia, Arévalo estava enforcado com uma corda formada por lençóis. O delegado Gustavo Mussi, da delegacia de plantão local, seguia no local do fato até a conclusão desta reportagem junto com peritos. “Não há como descartar nenhuma possibilidade até o momento. Vamos investigar o que aconteceu, se foi suicídio ou não”, disse.

O CASO

Arévalo e o outro acusado haviam sido presos em flagrante na manhã de terça (10), em operação da Polícia Civil que apreendeu os três adolescentes envolvidos no crime, de 13, 14 e 16 anos. Todos eles foram levados para a unidade da Unei (Unidade Sócio-Educacional de Internação) local.

O crime foi descoberto na segunda (9), quando lideranças indígenas da etnia Kaiowá que vivem na aldeia Bororó, reserva federal na cidade, onde a vítima morava, encontraram o corpo de Raissa em uma pedreira abandonada.

Segundo o delegado Erasmo Cubas, responsável pelo caso, a menina estava em casa ingerindo bebida alcoólica na companhia de dois dos adolescentes apreendidos. Eles teriam saído para comprar mais bebidas, quando receberam a proposta de outro adolescente e um adulto para estuprar a criança em uma pedreira desativada que fica próxima à aldeia.

Segundo o relato, os dois adolescentes receberam R$ 100. Eles chegaram a apresentar a proposta de sexo à menina, que recusou. Então, eles a forçaram a ingerir pinga, bebida mais forte em comparação à que estavam consumindo anteriormente, e a arrastaram à força até a pedreira, onde os quatro praticaram o estupro coletivo.

“Bem embriagada, eles começaram a abusar dela, se revezando. O tio, que saiu para procurá-la, a encontrou depois de ouvir gritos e, ao invés de cessar a ação, resolveu participar dos abusos”, afirmou o delegado.

Além de confessar o crime, Arévalo contou à polícia que abusava sexualmente da criança desde que ela tinha 5 anos. De acordo com Cubas, os suspeitos relataram que a menina desmaiou por conta dos efeitos da bebida e da violência. Mas, em certo momento, ela recobrou a consciência e começou a gritar por socorro, ameaçando denunciar os homens às lideranças da aldeia e à polícia. Foi quando eles decidiram atirar a criança do penhasco.

“Chegamos ao corpo porque os líderes da aldeia ficaram sabendo e nos acionaram. Eles já nos indicaram os adolescentes que estavam com ela inicialmente e, por meio deles, chegamos aos demais envolvidos”, contou o delegado.

Ainda segundo Cubas, o exame de necropsia confirmou que a criança sofreu abuso sexual e indica que ela ainda estava viva quando foi atirada.

Arévalo e os outros detidos não tinham defesa constituída para fazer a sua defesa até o momento da sua morte. O caso ficaria sob responsabilidade da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.

Por ter caído em uma pedra de ponta, o corpo foi encontrado com diversas fraturas e com partes dilaceradas. Os suspeitos vão responder por homicídio duplamente qualificado, por feminicídio e por ter como fim ocultar outro crime, e por estupro de vulnerável.