VIOLÊNCIA

Tiros da PM matam pai com deficiência e filho de quatro anos em intervalo de nove meses

Leonel, que tinha deficiência nas pernas, morreu em fevereiro, e o filho dele, Ryan, morreu na noite desta terça-feira (5)

Leonel e Ryan, pai e filho, mortos por tiros da PM (Foto: Reprodução)

Em um intervalo de nove meses, a cozinheira Beatriz da Silva Rosa, moradora de Santos, perdeu o marido, Leonel Andrade Santos, e o filho, Ryan da Silva Andrade Santos, da mesma maneira: em confrontos policiais.

A perda mais recente foi a do filho Ryan, na noite desta terça-feira (5). Ryan tinha apenas quatro anos e foi baleado durante a noite na periferia da cidade. Ao portal Terra, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que policiais militares faziam patrulhamento de rotina e foram atacados por dez criminosos, o que teria dado origem ao tiroteio que matou a criança. Na mesma ocasião, um jovem de 17 anos morreu com ferimentos no abdômen.

A PM admite que o tiro que matou Ryan “pode ter sido” disparado por um policial.

Embora as autoridades afirmem que se trata de uma troca de tiros com criminosos, Beatriz, de 29, contesta a versão. Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, ela diz que os policiais atiraram para cima e que não houve confronto. 

“Eu estava na rua na hora, tinha aproximadamente umas 15 crianças, eles [policiais] viram que tinha um monte de gente, um monte de morador, mesmo assim, chegaram atirando e uma bala acertou meu filho. Não teve confronto, não teve troca de tiros, que eles falam sempre assim, não teve. Eles chegaram e mataram”, declara. 

A cozinheira afirma que seu filho era um menino alegre, gostava de brincar, correr e fazer bagunça. “Eu ainda estou em estado de choque, tentando entender o que está acontecendo, porque eu não acredito. Para mim, meu filho vai se levantar dali a qualquer momento. É muito difícil, um pedaço de mim foi embora. Nada do que eles fizerem, vai trazer meu filho de volta. Tiraram a infância da criança”, desabafa.

Morte de Leonel
Leonel, o pai de Ryan, foi morto no dia 9 de fevereiro. Ele tinha uma deficiência nas pernas e usava muletas. De acordo com o Estadão, os PMs alegaram que ele havia apontado uma arma na direção deles, enquanto ocorria uma investigação de tráfico de drogas. Além dele, seu amigo Jeferson Miranda, de 37 anos, também foi baleado e morto.

Beatriz cuidava dos três filhos do casal. Com a morte do menino, a viúva ficou com um casal de filhos pequenos. Em sua rede social, a mulher ainda estampava o luto pela perda do marido. “Quantas saudades eu sinto, meu menino de você, me sustenta aí de cima”, escreveu.