‘Toc, toc, toc’: Criadora do meme, Joice Hasselmann posta discurso viral após Bolsonaro e aliados serem alvo da PF
Polícia Federal apura tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito
A ex-deputada federal Joice Hasselmann usou um vídeo de discurso seu que viralizou nas redes sociais para comentar a Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Federal, para para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. A ação mira o ex-presidente Jair Bolsonaro e vários de seus aliados, como ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres.
“Toc, toc, toc. Três batidinhas na porta. E aí, quem está do lado de dentro pergunta: ‘Quem é?’. E a resposta é: É a Polícia Federal”, diz Joice no discurso na tribuna, nos seus tempos de Congresso.
Em agosto do ano passado, a hoje influenciadora fitness viralizou nas redes ao ironizar uma ação da mesma PF que mirou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), sua ex-aliada. Na gravação, a ex-parlamentar falava sobre uma possível operação contra Jair Bolsonaro e reproduzia como seria a chegada dos agentes do alvo.
Joice Hasselmann e Zambelli tiveram uma relação conturbada durante o tempo que estiveram juntas na Câmara dos Deputados. Num primeiro momento, as duas ainda apoiadoras do ex-presidente, chegaram a fazer campanha juntas em 2018. Após o rompimento de Joice com o bolsonarismo, as duas se afastaram e iniciaram uma série de ataques, com direito a discussões pelas redes sociais.
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A expressão também foi usada pela própria Joice na semana passando, quando a PF fez buscas numa operação contra Carlos Bolsonaro, o filho “zero dois” do ex-presidente. Em um vídeo, ela simulou um brinde e fala: “Carluxo: ‘Toc, toc, toc’. Quem é? É a Polícia Federal”.
Operação mira Bolsonaro e aliados
A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira uma operação para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção de Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Entre os alvos de mandados de medidas restritivas está próprio Bolsonaro, que terá a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24 horas, e de se comunicar com demais investigados, nem por meio de advogados.
Entre os alvos de busca e apreensão estão aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Valdemar Costa Neto, Almir Garnier e Tercio Arnaud. Já entre os quatro alvos dos mandados de prisão estão Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins e Marcelo Costa Camara.
De acordo com a PF, no total estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Os mandados, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, estão sendo cumpridos nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado”, informou a PF, em nota.
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*VIA O GLOBO