ENEM DIGITAL

“Todo processo inédito tem obstáculos”, diz Inep sobre novos problemas no Enem

A maior parte das reclamações citava o sistema usado para a aplicação da prova em computadores, que não funcionou corretamente

O presidente do Inep, Alexandre Lopes, apresenta detalhes da força-tarefa aplicada para avaliação do resultado do Enem (Foto: Agência Brasil)

A experiência da primeira aplicação da prova digital do Enem na tarde deste domingo (31) foi marcada por problemas no sistema desenvolvido, que não funcionou corretamente em muitos computadores. Com isso, muitos alunos relataram terem de esperar por horas para que o problema fosse resolvido até serem dispensados e orientados a reagendar o exame.

Em entrevista coletiva, Alexandre Lopes, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) assumiu os erros mas minimizou a questão tratando-os como “empecilhos”

O Enem é a principal porta de entrada ao Ensino Superior no Brasil e, ao longo do ano, houve diversas cobranças por parte de educadores e da sociedade civil para que o exame fosse reagendado por conta da pandemia do novo coronavírus. Alunos de Manaus, por exemplo, não fizeram o Enem digital porque não seria possível montar a estrutura necessária para um exame nessas dimensões em meio ao colapso do sistema público de saúde.

“Tivemos alguns problemas? Tivemos. Mas todo projeto inédito está sujeito a obstáculos e empecilhos”, disse Alexandre Lopes, presidente do Inep

Segundo Lopes, os alunos prejudicados hoje poderão fazer a prova no domingo que vem, com a possibilidade de pedido de reaplicação apenas do primeiro dia de provas ou de ambos os dois dias. Assim, garante, os estudantes poderão refazer a prova na próxima semana ou optar por fazer a reaplicação nos dias 23 e 24 de fevereiro no formato impresso.

“Nós tivemos dois problemas: primeiro, cidade de Manaus não fez o Enem digital por conta da situação da pandemia. Todo o estado do Amazonas fará a reaplicação nos dias 23 e 24 de fevereiro. E tivemos um poblema no Instituto Federal de Tecnologia do Amapá em que houve um problema estrutural: uma viga do prédio cedeu e a Defesa Civil interditou o prédio. Não foi um problema de tecnologia, e todos os candidatos já foram colocados em reaplicação porque foi um problema de logística”, explicou.

Em sua fala, Lopes saudou a digitalização dos exames aplicados pelo Inep, que devem seguir o mesmo modelo aplicado neste ano no Enem. A projeção é que, até 2026, as provas impressas sejam substituídas pela versão digital. O Enem digital foi aplicado em 1.028 locais de prova em 104 municípios.

Para a aplicação do exame, explica, foram necessários 93 mil computadores que foram todas inventariadas há alguns meses e novamente hoje pela manhã.

“Podemos passar a ter várias provas ao longo do ano, em que o aluno possa até ter mais de uma oportunidade de fazer o Enem naquele ano, desde que a gente tenha infraestrutura e tecnologia para aplicar as provas”, afirmou. Foram justamente esses dois pontos os mais criticados por alunos que fizeram o exame hoje.

Alta abstenção

Dos mais de 93 mil inscritos, 31,9% de fato realizaram o exame, com abstenção de 68,1% — o que equivale a cerca de 58,5 mil alunos.

“O índice de abstenção continua alto, como também foi no Enem impresso, e a gente entende que isso é em função da pandemia. Algumas cidades estão em lockdown e muitas pessoas não saíram de casa parta fazer a prova”, afirmou Alexandre Lopes, presidente do Inep