Tragédia era imprevisível e não havia necessidade de obra, diz prefeito de Niterói
Quatorze pessoas morreram e 11 ficaram feridas, duas em estado grave. Sete casas foram atingidas pelo deslizamento.
Após um deslizamento de terra que deixou 14 mortos em Niterói, o prefeito Rodrigo Neves (PDT) afirmou, em entrevista concedida à imprensa neste domingo (11), que a área do acidente, no Morro da Boa Esperança, região oceânica do município, não era considerada de alto risco. Para ele, não havia necessidade de obra no local, e a tragédia era “imprevisível”. “Não havia obra de contenção a ser feita na encosta. Tínhamos um maciço de algumas milhares de toneladas que se deslocou. Nenhum órgão das três esferas de governo havia detectado essa comunidade como área de alto risco”, afirmou.
Quatorze pessoas morreram e 11 ficaram feridas, duas em estado grave. Sete casas foram atingidas pelo deslizamento.
O presidente do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro, Wilson Giozza, disse que no estudo realizado pelo governo estadual na região, em 2012, o Morro da Boa Esperança não estava entre as áreas de risco.
Segundo Giozza, o acidente ocorrido neste sábado era “difícil de prever”. “Esse acidente ocorreu em uma área de baixa previsibilidade”, declarou.
Moradores do Morro Boa Esperança relataram à Globonews, no sábado, que 17 casas haviam sido interditadas pela Defesa Civil por causa do risco de deslizamento, entre elas as sete atingidas.
Segundo eles, o órgão notificou oficialmente as famílias, afirmando haver possível “risco imediato”. Mesmo assim, os moradores continuaram no local, e não foram removidos.
Neste domingo, o coordenador da Defesa Civil de Niterói, Walace Medeiros, porém, não confirmou que as casas tenham sido interditadas antes do deslizamento.
De acordo com ele, mesmo que as casas tivessem sido isoladas, isso não significaria que a área fosse de alto risco. “Esse isolamento pode ser feito em qualquer área que haja inclinação e sofra com precipitações. Não indica necessariamente alto risco”, afirmou.
As buscas pelas vítimas foram encerradas pelos Bombeiros às 5h deste domingo, quando não havia mais relatos de pessoas desaparecidas.
Entre as vítimas do deslizamento, sete pertenciam à mesma família: Maria do Carmo, 80; Janete Martins Ferreira, 53; Claudiomar Dias Martins, 37; Maria Aparecida Martins Viana, 19; Beatriz Martins Pereira, 18; Géssica Martins Firmino, 15; e Marcos Antony Martins Aguiar, 9. A prefeitura não divulgou o parentesco entre as vítimas.
Também morreram Maria Madalena Linhares de Resende, 54, e seu bisneto Kaique da Silva Resende, de um ano e dois meses; Amanda Tomaz da Silva, 30; Alan Ferreira Teles, 29; e Nicole Caetano Carvalho, 10 meses. Uma outra vítima, Dalvina Marins, não teve a idade divulgada.
A prefeitura prometeu dar assistência às famílias desabrigadas e entregar novas casas até o final deste ano. No total, 22 famílias tiveram que deixar suas casas.
O prefeito disse que enviará um projeto de lei para a Câmara ampliando o aluguel social do município para incluir as famílias desabrigadas pela tragédia. Ele também afirmou que a prefeitura prestará atendimento psicológico às vítimas e que arcará com as despesas do enterro.