Espancamento

Três pessoas são presas suspeitas de agredir até a morte congolês Moïse no RJ

Três pessoas foram presas na noite desta terça-feira (1º/2) suspeitos de participarem do espancamento que…

Três pessoas foram presas na noite desta terça-feira (1º/2) suspeitos de participarem do espancamento que levou à morte o refugiado congolês Moïse Kabagambe no quiosque Tropicália, no Rio de Janeiro. Os nomes dos detidos são: Fábio Pirineus, Aleson Cristiano e Brendon Silva.

Um dos supostos autores é vendedor de caipirinhas na praia da Barra. Ele foi detido na Zona Oeste da capital, na casa de parentes e, segundo os agentes, confessou o crime.

Outro suspeito se apresentou na 34ª DP (Bangu) e, em seguida, foi levado para a Delegacia de Homicídios do Rio. Em um vídeo nas redes sociais, ele afirmou que cometeu as agressões contra o refugiado.

O delegado titular da DH-Capital, Henrique Damasceno, afirmou que as prisões temporárias dos três seriam pedidas à Justiça.

Versão de uma testemunha

Uma das pessoas que apareceu na filmagem que mostra agressão contou ao G1 que os apelidos dos agressores são Totta, Bello e 19. A testemunha, que não quis se identificar, disse que todos trabalhavam no quiosque por comissões. Eles ofereciam drinks e petiscos na areia e ganhavam recebiam dinheiro por aquilo que conseguiam vender. Essa era, inclusive, a mesma atividade que Moïse desempenhava.

De acordo com o relato da testemunha, a vítima chegou ao local alterada e a briga começou quando o congolês pegou oito latões de cerveja na geladeira dizendo que as levaria como parte do dinheiro que o quiosque devia a ele. O homem que vigiava o local não permitiu que ele levasse a bebida, o que desencadeou o espancamento.

Depoimento dos suspeitos

Em depoimento à Polícia Civil, Fábio, Aleson e Brendon negaram que a intenção deles fosse matar Moïse. De acordo com as versões apresentadas por eles, as 30 pauladas desferidas contra o refugiado foram para “extravasar a raiva” que estavam sentindo.

Aleson, que trabalha no quiosque vizinho ao Tropicália, disse aos policiais que o congolês estava diferente nos dias que antecederam o crime. De acordo com o suspeito, ele estava consumindo muitas bebidas alcoólica, ameaçando pessoas de agressão e pedindo para que clientes e quiosques lhe dessem cerveja.

No dia do crime, ele disse que viu Moïse pegando bebidas sem pedir no balcão dele e o repreendeu. Depois disso, a vítima teria tentado pegar cerveja no Tropicália, o que deu início à discussão.

Ainda de acordo com o depoimento, Aleson afirmou que “resolveu extravasar a raiva que estava sentindo; que ainda por conta da raiva que estava sentindo”. Ele pegou o taco de beisebol das mãos de Fábio e agrediu a vítima.  No depoimento, ele ainda reconhece que exagerou nas agressões e afirma que ligou para o Samu para que a vítima fosse socorrida.

Tentativa de desqualificar Moïse

De acordo com o advogado que acompanha a família do congolês, Rodrigo Mondego, as versões dadas pelos suspeitos tem o objetivo de desqualificar a vítima.

“Existe uma tentativa de transformar ele na pessoa que gerou o resultado da própria morte. Falar que ele estaria alcoolizado, que estaria alterado”, pontuou.

Rodrigo, que acompanhou a mãe do refugiado durante o depoimento dela na polícia, é da Comissão de Direitos Humanos da OAB e atestou que ele era trabalhador e que estava indo ao quiosque Tropicália para cobrar a remuneração que lhe era devida.

“Moise era trabalhador e ele era remunerado por isso. A polícia ainda tenta descobrir a motivação do crime. Mas Moïse não era uma pessoa bêbada como estão dizendo”, afirmou Mondego ao G1.

Com informações de G1