Crime

Trindade: Em terceira versão sobre morte de amigo, homem justifica legítima defesa

Convencido pela defesa, homem assume ter matado para se defender de uma discussão; advogados vão apelar pela absolvição de assassinato de Yone Glória

O autônomo Deyvid Rodrigues Gomes, de 28 anos, mudou pela terceira vez a versão apresentada à polícia sobre o que aconteceu no dia 13 de março. Ele disse que ficou com medo da família de Alexandre Assis, 31, descobrir que era o responsável pela morte do próprio amigo. O homicídio aconteceu após Alexandre fazer uma tocaia para matar a ex-namorada Yone Glória, 21, no fim da manhã, quando ela saía do trabalho para a hora de almoço.

A defesa de Deyvid optou por convencer ao homem confessar o crime, antes que as provas científicas fossem juntadas ao Inquérito Policial que apura o assassinato de Alexandre. A investigação está em andamento pelas autoridades policiais de Guapó, porque o crime se deu na jurisdição de lá, na entrada de uma chácara de um dos tios de Alexandre, para onde o homem fugiria após matar Yone.

“A primeira versão foi de que ele teria deixado o homem na porta da chácara e retornado ao local após ouvir um tiro, quando percebeu que Alexandre estava morto. Na segunda informação dita pelo meu cliente, ele disse que Alexandre havia se suicidado com um tiro no peito, usando a mesma arma usada para matar Yone, mas nós advogados não acreditamos nessas duas hipóteses, e insistimos pela confissão. O suspeito então revelou ter matado após uma discussão que acabou em vias de fato e Alexandre teria sacado a arma para Deyvid, que tomou a arma e deu-lhe um tiro apenas no peito, para que não fosse morto”, diz um dos dois advogados, Ricardo Simão.

Segundo a defesa, Deivid saiu de Goiânia a convite de Alexandre para cobrar uma dívida que um terceiro tinha com o amigo. Pela carona, receberia o valor do combustível, disse o advogado. Logo que chegaram ao local indicado por Alexandre, segundo disse Ricardo Simão, Deivid teria sido obrigado a sair do carro e esperar do lado de fora, até que o amigo fosse ao prédio onde Yone Glória, que namorou com o rapaz dois meses, trabalhava. O advogado não sobe dizer se Deyvid teria ouvido tiros, ou visto pessoas correndo após o assassinato.

“Ele só percebeu que Alexandre voltou muito nervoso, agitado e que o obrigou a pegar o rumo da rodovia onde o fato final aconteceu.” O advogado ainda relata que ao chegar na porteira, Deyvid teria parado o carro e questionado Alexandre sobre o que teria acontecido, mas foi surpreendido por uma discussão que resultou em luta corporal, com um saque da arma e um tiro fatal no peito do amigo.

O advogado acredita que, pelas duas famílias serem muito amigas o homem negou desde o início a primeira versão, já que acreditava correr risco de criar um racha entre os antepassados de vítima e autor do crime.

A investigação para saber a causa da morte de Yone Glória e se houve mais participações no caso é desenvolvida pelo Grupo de Investigações em Homicídios (GIH) de Trindade.