Israel-Palestina

Troca de ataques entre Israel e palestinos deixa mais de uma dezena de mortos

A troca de ataques pôs fim ao cessar fogo temporário que vigorava na região e fez aumentar os temores de uma nova escalada entre israelenses e palestinos

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ordenou neste domingo (5) que as Forças Armadas do país continuem seus “ataques em massa” contra alvos do Hamas e da Jihad Islâmica na faixa de Gaza.

A escalada já deixou mais de uma dezena de mortos, embora o número exato de vítimas não tenha sido confirmado. O jornal local Haaretz aponta que seriam 20 mortos, sendo 16 do lado palestinos e quatro do lado israelense, enquanto o americano The New York Times lista 15 mortes entre os palestinos e três entre os israelenses.

Desde sexta, mais de 600 foguetes foram disparados pelo palestinos em direção ao território israelenses.  O exército israelense declarou que seus tanques e aviões atingiram cerca de 220 alvos militares em Gaza.

“Instruí o exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas”, disse Netanyahu no começo do conselho semanal de ministros. No sábado ele anunciou que se reuniria com autoridades de segurança do país.

Pouco antes deste ataque, a polícia israelense relatou três mortes na cidade de Ashkelon, vítima de um dos foguetes da faixa de Gaza.

Da mesma forma, um dos comandantes do movimento radical Hamas, que governa a faixa de Gaza, foi morto por um dos ataques israelenses. Hamad al Jodori, 34, era comandante do braço armado do Hamas, informou o movimento. O exército israelense confirmou a morte.

Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Várias dezenas de mísseis foram interceptados pela defesa antimísseis, disseram as Forças Armadas de Israel, e uma grande parte deles atingiu áreas desabitadas.

A troca de ataques pôs fim ao cessar fogo temporário que vigorava na região e fez aumentar os temores de uma nova escalada entre israelenses e palestinos.

O aumento da tensão na região começou ainda na sexta-feira (3), quando militantes palestinos feriram dois soldados israelenses próximos da fronteira, o que fez Israel realizar um primeiro ataque contra a faixa de Gaza.

A Jihad Islâmica reivindicou o disparo de uma parte desses foguetes e disse que continuará atacando. Em um vídeo transmitido por redes sociais, o braço armado do grupo Hamas ameaçou atacar vários alvos estratégicos de Israel, como o Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel Aviv.

Entre as mortes do lado palestino estão a de uma mãe e seu bebê, segundo informações das autoridades da faixa de Gaza. Israel, porém, afirma que os dois foram mortos pelo Hamas.

O Ministério da Saúde de Gaza havia dito no sábado que a palestina Abu Arar, 37, e sua filha de 14 meses foram mortas em um bombardeio israelense.

“Essa morte infeliz não foi resultado de armamento (israelense), mas de um foguete do Hamas que explodiu onde não deveria”, declarou Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense, à imprensa. Em Bruxelas, a União Europeia pediu o “cessar imediato” dos disparos.

O enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu “a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses”. Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apoiam o “direito” de Israel à “legítima defesa”.

A Turquia falou de “agressividade sem limites”. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, afirmou que as forças israelenses atacaram um prédio em Gaza onde estão localizados os escritórios da agência de notícias estatal Anadolu, e acrescentou que os ataques foram um crime contra a humanidade.

Segundo a Anadolu, a equipe da agência evacuou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência. Neste contexto, Israel anunciou no sábado o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e o fechamento das áreas pesca na costa do território.

A escalada dos conflitos acontece pouco antes do mês sagrado para os islâmicos, o Ramadã, e do feriado da independência de Israel. Mediadores egípcios e a ONU estão trabalhando para evitar uma escalada do conflito.

Desde 2008, a faixa de Gaza viu três conflitos de larga escala entre o Hamas e Israel e o temor é que a troca de ataques atual leve a um quarto confronto.

No final de março, sob os auspícios do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, anunciado pelo Hamas, mas nunca confirmado por Israel. Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril.

Mas na terça-feira (30), Israel reduziu a zona de pesca autorizada na costa de Gaza depois que militantes palestinos lançaram um foguete em seu território. O foguete caiu no Mediterrâneo. O exército israelense acusou a Jihad Islâmica, um grupo aliado do Hamas.

Uma delegação do Hamas liderada por seu líder em Gaza, Yahya Sinwar, foi para o Cairo na quinta (2) discutir com autoridades egípcias meios de preservar a trégua.

Nos últimos meses, Israel aceitou que o Catar forneceria uma ajuda financeira aos palestinos para o pagamento de salários e o financiamento de combustível para enfrentar a escassez de eletricidade.

Desde março de 2018, palestinos protestam na fronteira entre a faixa de Gaza e Israel contra o bloqueio no enclave e pelo retorno de refugiados palestinos que foram expulsos ou tiveram que deixar suas terras após a criação de Israel em 1948.

Pelo menos 270 palestinos foram mortos desde o início da mobilização, em manifestações ou em ataques israelenses em retaliação. Do lado israelense, dois soldados morreram.

Os organizadores das manifestações e do Hamas asseguram que o movimento da “Grande Marcha de Retorno” é independente. Israel, por outro lado, acusa o Hamas de orquestrar essas manifestações.