PESQUISA

UFG desenvolve produto à base de babosa que ajuda IML a identificar cadáveres

Considerado barato e inovador, item foi criado em parceria com a Polícia Civil de Goiás. Após imersão no líquido, as impressões digitais se tornam mais visíveis.

Aloe vera, babosa (Foto: Pexels - Divulgação)

Uma pesquisa conduzida pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) possibilitou um avanço na área de necropapiloscopia. A aplicação de um extrato de aloe vera (conhecida popularmente como babosa), desenvolvido pela equipe liderada pelo professor doutor e farmacêutico, Edemilson Cardoso Conceição, permitiu a identificação de um corpo carbonizado em difíceis condições de reconhecimento pela Unidade de Necropapiloscopia do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia.

A técnica, que utilizou o extrato de aloe vera entre outras substâncias, foi usada para recuperar a epiderme e a derme das falanges do cadáver. Assim, com imersão no líquido à base de babosa, as impressões digitais de corpos em condições difíceis de reconhecimento, como os carbonizados ou mumificados, se tornam mais visíveis e facilitam a identificação.

Esse desenvolvimento é fruto das pesquisas realizadas no Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de Bioprodutos da Faculdade de Farmácia da UFG. A substância agora está em uso nos IMLs de Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Em entrevista à revista especializada Pharmácia Brasileira, o professor Edemilson Cardoso Conceição detalhou o processo que levou à criação do produto. Segundo ele, a ideia surgiu do uso improvisado da aloe vera na necropapiloscopia. “A partir do contato conosco, foi possível entender cientificamente sua ação, em quais situações utilizar, as quantidades adequadas e o tempo de exposição necessário”, explicou.

Segundo ele à revista, o extrato de aloe vera é aplicado em cadáveres com condições especiais, incluindo corpos carbonizados, queimados, mumificados, corificados e com a pele ressecada. Esse método tem demonstrado eficácia na recuperação das digitais, facilitando a identificação necropapiloscópica.

“O resultado do trabalho gera relevante impacto na sociedade, pois através da identificação necropapiloscópica, pode-se devolver aquele ente identificado aos seus familiares para que possam dar-lhe um fim digno e propiciar a garantia dos direitos e deveres civis decorrentes da morte”, afirmou.