PESQUISA

UFG desenvolve produto à base de babosa que ajuda IML a identificar cadáveres

Considerado barato e inovador, item foi criado em parceria com a Polícia Civil de Goiás. Após imersão no líquido, as impressões digitais se tornam mais visíveis.

Uma pesquisa conduzida pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) possibilitou um avanço na área de necropapiloscopia. A aplicação de um extrato de aloe vera (conhecida popularmente como babosa), desenvolvido pela equipe liderada pelo professor doutor e farmacêutico, Edemilson Cardoso Conceição, permitiu a identificação de um corpo carbonizado em difíceis condições de reconhecimento pela Unidade de Necropapiloscopia do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia.

A técnica, que utilizou o extrato de aloe vera entre outras substâncias, foi usada para recuperar a epiderme e a derme das falanges do cadáver. Assim, com imersão no líquido à base de babosa, as impressões digitais de corpos em condições difíceis de reconhecimento, como os carbonizados ou mumificados, se tornam mais visíveis e facilitam a identificação.

Esse desenvolvimento é fruto das pesquisas realizadas no Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de Bioprodutos da Faculdade de Farmácia da UFG. A substância agora está em uso nos IMLs de Goiânia e Aparecida de Goiânia.

Em entrevista à revista especializada Pharmácia Brasileira, o professor Edemilson Cardoso Conceição detalhou o processo que levou à criação do produto. Segundo ele, a ideia surgiu do uso improvisado da aloe vera na necropapiloscopia. “A partir do contato conosco, foi possível entender cientificamente sua ação, em quais situações utilizar, as quantidades adequadas e o tempo de exposição necessário”, explicou.

Segundo ele à revista, o extrato de aloe vera é aplicado em cadáveres com condições especiais, incluindo corpos carbonizados, queimados, mumificados, corificados e com a pele ressecada. Esse método tem demonstrado eficácia na recuperação das digitais, facilitando a identificação necropapiloscópica.

“O resultado do trabalho gera relevante impacto na sociedade, pois através da identificação necropapiloscópica, pode-se devolver aquele ente identificado aos seus familiares para que possam dar-lhe um fim digno e propiciar a garantia dos direitos e deveres civis decorrentes da morte”, afirmou.