CRIME

Universidade do Paraná investiga troca de mensagens racistas e homofóbicas entre alunos

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG ), no Paraná, investiga um grupo de alunos…

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG ), no Paraná, investiga um grupo de alunos da instituição que fazia troca de mensagens de cunho racista, homofóbico e nazista. Por meio de uma denúncia anônima, a universidade descobriu que os estudantes usavam o aplicativo WhatsApp para compartilhar as ofensas em forma de “figurinhas”. Internamente, o caso foi denunciado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), que formalizou uma denúncia junto ao Ministério Público do Paraná (MPPR).

O episódio aconteceu entre acadêmicos do curso de Agronomia e chegou ao conhecimento da direção da universidade no dia 22 de agosto. Segundo a UEPG, no dia seguinte, a Prae abriu processo na Ouvidoria e encaminhou a denúncia ao MPPR.

Imagens obtidas pelo portal Plural Curitiba mostram a interação de ao menos 10 alunos, a princípio em um mesmo dia, entre 20h48 e 21h01. Neste intervalo, apenas uma pessoa sai do grupo. Outra que de início escreve “Vocês acham engraçado mesmo?” depois também compartilha imagens preconceituosas. A data em que as mensagens foram enviadas não aparece nas capturas de tela.

Um dos stickers tem os dizeres “Opa Opa Preto aqui não” sob uma foto de membros da Ku Klux Klan, organização terrorista de extrema-direita, fundada nos Estados Unidos, que se autoproclama supremacista. Entre as mensagens, estudantes ainda enviaram um sticker que diz: “toda vez que alguém posta essa figurinha um preto é baleado”. O conteúdo foi compartilhado no grupo ao menos dez vezes.

Também é possível ver uma figurinha de Hitler sorrindo com uma suástica e outra do presidente Jair Bolsonaro com os dizeres “Opa Opa Gay aqui não”. Frases homofóbicas como “homem de verdade bate em viado” compõem as mensagens.

Mensagens racistas trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens racistas trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens racistas trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens racistas trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Mensagens trocadas por alunos da UEPG — Foto: Reprodução/Portal Plural Curitiba

Em nota, a UEPG ressaltou que, “por meio da Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade, a primeira do tipo numa universidade estadual, atua no combate a toda e qualquer manifestação de racismo”.

Questionada, a universidade não informou se já identificou todos os estudantes que compartilharam os conteúdos racistas, mas disse que ainda não tomou medidas de expulsão de alunos pela conduta.

Procurado, o Ministério Público do Paraná não retornou até a publicação desta reportagem.

Alunos vestidos de escravos

 

No último domingo (18), outro caso de racismo no Paraná mobilizou as redes sociais após a prefeitura de Piraí do Sul compartilhar um vídeo em que crianças negras vestidas como escravas desfilaram com correntes de papel nos pulsos e tornozelos em um evento cívico-militar promovido pela cidade. A Promotoria de Justiça de Piraí do Sul apura o caso.

De acordo com a prefeitura, o desfile fez parte das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil.

Em nota, a Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) informou que também abriu um procedimento para apurar as circunstâncias do desfile. Caso necessário, o Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) e o Núcleo da Infância e Juventude (NUDIJ) vão ajuizar uma ação civil pública contra os órgãos responsáveis pelo ato.

Ao GLOBO, o defensor Fernando Redede Rodrigues, do NUDIJ, classificou o ato como de extrema gravidade.

— O estigma que isso pode causar na vida das crianças, na personalidade delas, na história delas é muito grave. Estamos em um mundo de superexposição e isso pode causar futuro sofrimento e dano a essas crianças. É um ato de extrema irresponsabilidade — afirmou.

Os núcleos cobraram explicações do município sobre o episódio. Entre os esclarecimentos, está o pedido de comprovação de que os responsáveis legais pelas crianças tinham conhecimento da ação.