RIO DE JANEIRO

‘Usava a religião para abusar de meninas virgens’, conta mãe de vítima sobre pai de santo preso por violência sexual

A mãe de uma das vítimas de Cristiano da Conceição, de 51 anos, conta que…

A mãe de uma das vítimas de Cristiano da Conceição, de 51 anos, conta que a filha foi dopada pelo pai de santo em dezembro do ano passado e estuprada. Na ocasião, ele ainda tentou consolar a mulher, que procurava desesperadamente a filha, de 13 anos, pelo bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, onde havia desaparecido. A jovem só foi encontrada no dia seguinte, próximo a um shopping da região. Após descobrir o que havia acontecido, X. soube que existiam outras vítimas de Cristiano pelo bairro. Ao denunciar a violência sofrida pela filha, a família passou a ser intimidada.

X. fez dois registros de ocorrência. O primeiro, em dezembro, sobre o estupro sofrido pela filha. O outro, por ameaça.

— Ele é conhecido no bairro, mas até então, eu nunca tinha visto. Passei a receber ameaças nas redes sociais. Diziam que se eu botasse na Justiça, eu e minha família “íamos ver”. Uma disse que tinha que “fazer justiça com as próprias mãos”. Desde então, algumas pessoas estranhas passaram a frequentar a minha rua, carro com vidro escuro passava devagar — conta.

‘14 anos para lá, não queria mais’

Depois de tudo isso, outras três mães procuraram X. Uma delas, a mãe da própria sobrinha de Cristiano. Segundo relatos, todas as vítimas são menores de 14 anos e virgens.

— Ele usava a religião para poder abusar de meninas virgens, novinhas. De 14 anos para lá, ele não queria mais. E, pelo que sei, não é de hoje. Ele já faz isso tem uns 20 anos — afirma a mãe da menina.

‘Tinha medo de sair de casa e não comia’

Segundo ela, nos primeiros meses, mesmo não lembrando detalhes sobre o que havia acontecido, a menina passou a ter medo de sair de casa e não queria comer. Hoje, com as sessões de terapia, a jovem já demonstra melhora, mas a situação ainda preocupa a mãe.

— Ela toma remédio. Com eles, melhorou um pouco. Antes, ela só ficava deitada. Não queria ir para a escola, com medo de sair de casa. Eu tinha que levar e buscar sempre. Não queria tomar banho, nada. Mas ela sente a pressão. Hoje, com a prisão dele, ela ficou em casa e eu fui à delegacia, mas ela ouviu pessoas estranhas perguntando sobre na porta da nossa casa e ficou muito nervosa. É constante isso — explica.

No dia do desaparecimento da filha, X. conta que, enquanto procurava a menina pelo bairro, chegou a encontrar Cristiano. Ele, então, teria oferecido apoio e trocado telefone com a mãe da jovem.

— Me mandou mensagem a noite toda, tentando me consolar. Quando comentei com uma vizinha, ela disse: “Cuidado, ele não é desse jeito que você está pensando”. Mas pensei que ele estivesse me ajudando. Descobri que era ele pouco depois, porque com a ajuda dos policiais, achamos e-mails dele para a minha filha. Depois que a encontrei, grogue, em frente a um shopping, perguntei: “Não era você quem estava com ela não, né?”. Ele nunca mais me respondeu.