Uso de bitcoin para lavar dinheiro da milícia é alvo de ação policial no Rio
A Polícia Civil do Rio cumpre na manhã desta quinta-feira 23 mandados de prisão e…
A Polícia Civil do Rio cumpre na manhã desta quinta-feira 23 mandados de prisão e 63 de busca e apreensão contra pessoas acusadas de terem envolvimento com a milícia. Até as 7h20, a operação Blood Money havia prendido 12 pessoas investigadas por lavagem de dinheiro. O grupo usaria até mesmo bitcoins para realizar as transações.
De acordo com a polícia, a investigação começou depois que surgiram indícios de lavagem de dinheiro da milícia que domina as comunidades da Muzema e de Rio das Pedras, localizadas na zona oeste do Rio.
O grupo exerce forte controle sobre a região, coagindo moradores a pagarem por serviços clandestinos, como luz, gás e transporte. Moradores afirmam que os milicianos cobram até mesmo taxas para a criação de suínos; a chamada taxa do porco.
Segundo a polícia, um relatório de inteligência financeira apontou grandes movimentações financeiras em um curto período de tempo. O documento diz que dois dos investigados movimentaram em transações com outros integrantes da milícia 8,5 milhões em pouco mais de um ano.
De acordo com a polícia, esse valor não é compatível com a ocupação que eles afirmam exercer. Um deles disse trabalhar como encarregado de obras, função na qual recebe R$ 4.000.
A operação mira também pessoas que teriam participado da construção e da venda dos dois edifícios que desabaram na Muzema, tragédia que matou 24 pessoas, em 2019. A construção de prédios irregulares é uma das principais formas de lucro da milícia. Segundo levantamento produzido pelo Disque Denúncia a pedido da Folha, as denúncias sobre essa prática saltaram de 88, em 2016, para 423, em 2020. É um aumento de 480%. A maior parte dos casos se concentra na zona oeste.
A milícia, porém, tem tentado expandir seu poder de influência para outras áreas da cidade, inclusive para regiões de classe média. Em Laranjeiras, zona sul do Rio, bandidos explodiram caixas eletrônicos de uma agência do bairro, em 2018. À Folha, uma pessoa disse que ação aconteceu depois que o banco recusou serviços de segurança da milícia.