Vacina contra Covid para crianças de 6 meses a 4 anos gera polêmica nos EUA
Na semana que vem, agência americana decidirá se aprova duas doses, mesmo antes de os testes para uma terceira terem acabado
A revisão que a FDA (Food and Drug Administration), agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e remédios, realizará em breve sobre a vacina da Pfizer-BioNTech para crianças pequenas não tem precedente na história recente.
Na semana que vem, os consultores científicos da agência decidirão se vão ou não endossar a aplicação de duas doses de vacina em crianças dos 6 meses aos 4 anos de idade antes que os testes clínicos tenham demonstrado que o processo completo de vacinação —três doses— é efetivo. Uma autorização como essa seria a primeira na história da agência, de acordo com muitos especialistas.
De fato, resultados parciais dos testes indicam que duas doses da vacina não produzem uma resposta imunológica forte nas crianças dos dois aos quatro anos de idade. Resultados dos testes com a terceira dose da vacina devem surgir apenas dentro de algumas semanas.
As companhias solicitaram a autorização por insistência da FDA, o que também é altamente incomum. No passado, o avanço rápido da pandemia forçou as autoridades federais de saúde americanas a tomar decisões importantes com base em dados limitados, e elas argumentam que é importante começar a vacinar as crianças pequenas agora, antes que surja uma variante nova e potencialmente mais perigosa.
Mas a revisão de dados incompletos pela agência como base para uma possível autorização alarmou alguns especialistas.
“Jamais agimos dessa maneira antes; é isso que me faz hesitar”, disse o médico Gregory Poland, fundador e diretor do Grupo de Pesquisa de Vacinas Mayo, em Minnesota, e editor-chefe da publicação científica Vaccine. “O fato de que não existam mais dados me desagrada”.